Sacolinhas tradicionais saem de circulação em SP em 25 de janeiro. Consumidor pode optar por comprar embalagem alternativa nos mercados.
A partir de hoje, 25 de janeiro, com a entrada em vigor da substituição das sacolas plásticas na cidade de São Paulo, os consumidores vão precisar se acostumar com novas opções para carregar as compras do mercado. Uma delas são os próprios sacos de plástico, mas feitos com material renovável, como milho, e que degradam mais rápido que a sacola regular, feita com derivados de petróleo. Eles serão vendidos nas cadeias de supermercado que optaram por substituir o saco comum.
Enquanto o tempo de decomposição de uma sacola regular é de mais de 100 anos, as biodegradáveis duram apenas dois anos, segundo fabricantes. Caso sejam tratadas em usinas de compostagem, elas podem degradar em 180 dias, afirmam os produtores.
"São duas possibilidades infinitamente melhores que a sacola convencional, que leva centenas de anos para se decompor. Além disso, a produção dessas sacolas vai usar menos combustível fóssil, ou seja, vai ser menos poluente”, avalia Sérgio Leitão, diretor de campanhas do Greenpeace Brasil.
A diferença pode gerar um impacto considerável, avalia Leitão, já que as sacolas plásticas são responsáveis pela morte de um milhão de aves marinhas e de 100 mil tartarugas por ano, que confundem o material com alimento. Os dados são do Greenpeace. Além disso, elas geram impermeabilização do solo dos lixões, dificultando o processo de decomposição do lixo, de acordo com dados da campanha Saco é um Saco, do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Atualmente, são distribuídas 1,5 milhão de sacolas plásticas por hora no Brasil, ou cerca de 13 bilhões por ano, segundo a campanha do MMA.
Estudo
A diferença no tempo de degradação das sacolas está sendo estudada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), ligado à Universidade de São Paulo. Desde outubro de 2011, estão sendo avaliados quatro tipos diferentes de embalagem: polietileno comum (a sacola tradicional de plástico), polietileno com aditivo para degradação, papel e TNT (um tipo de saco retornável).
Elas ficarão expostas a sol, chuva e vento durante um ano, simulando condições de abandono das sacolas no meio urbano. “Embora existam muitos artigos sobre isso, não há muitas pesquisas nas condições brasileiras. Nós vimos a necessidade de fazer esse estudo para tentar ajudar a esclarecer um pouco esse assunto”, diz Mara Dantas, pesquisadora do laboratório de Embalagens do IPT.
Os resultados da pesquisa serão divulgados após o período de exposição dos materiais, que termina em outubro de 2012. Uma das questões que o estudo pretende responder é sobre a eficácia de aditivos para tornar o plástico degradável, já que não há consenso científico sobre o tema.
Polêmica
Já a Plastivida, Instituto Socioambiental dos Plásticos, entidade que representa fabricantes do setor, defende que a sacola que será abolida dos supermercados paulistas é a opção mais sustentável.
Para o instituto, o problema está na destinação final inadequada do material. “Com a coleta da sacola para a reciclagem, seria bom que [o processo de decomposição] demorasse 100 anos. Assim, ela viraria outro produto e não seria preciso extrair mais matéria prima [para produzi-lo]”, diz o presidente da Plastivida, Miguel Bahiense.
Outro problema, segundo a Plastivida, é o abuso do uso da embalagem. Em 2007, foi iniciada uma campanha para reduzir o desperdício de sacolinhas. O consumo atual, de cerca 13 bilhões por ano, representa uma queda de 30% em relação aos números do começo da campanha, de em torno de 18 milhões.
Além disso, uma pesquisa realizada no Reino Unido e divulgada pela Plastivida aponta que as chamadas ecobags precisam ser reutilizadas por mais de 100 vezes para provocarem menos danos ambientais que o plástico, devido à maior quantidade de matéria-prima empregue na sua confecção.
Um ponto de consenso em diferentes pesquisas é que o impacto das diferentes sacolas não é fixo, mas depende do tipo de consumo que é feito delas, por exemplo, o tempo de uso e das condições de destinação final da embalagem, como o encaminhamento para reciclagem.
Assim, vale seguir a recomendação de Mara, do IPT: “O consumidor tem que reutilizar o que tiver em casa e procurar fazer a destinação correta do material. Mas não pode deixar que a embalagem fique exposta na natureza”, provocando danos ambientais.
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