quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Giro de notícias ambientais

Davos deve discutir futuro dos preços dos alimentos

As mudanças climáticas provavelmente não ganharão muito espaço nas mesas de discussão do Fórum Econômico Mundial, que começa nesta quarta-feira (25) em Davos, na Suíça, mas uma de suas consequências, o aumento do preço das commodities agrícolas, deve ser um dos tópicos mais debatidos.

O índice da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para 55 commodities alimentares subiu sem parar nos últimos seis meses, alcançando os 214.7 pontos. Uma tendência que pode se manter, ainda mais porque a entidade afirma que a produção de alimentos precisa crescer 70% até 2050 para atender a população mundial.
A alta do preço dos alimentos está relacionada a problemas climáticos, como estiagens, enchentes e padrões climáticos fora do que seria o ideal para várias culturas por todo o planeta. No ano passado a Rússia chegou a interromper sua exportação de grãos devido a uma seca severa, e a China se tornou pela primeira vez na história uma importadora de soja depois de uma série de enchentes.
“As pessoas pensam que as mudanças climáticas são um fenômeno que ocorre devagar, levando longos períodos de tempo para acontecer. O que não é verdade, já presenciamos efeitos prejudiciais delas para a economia mundial”, afirmou Garvin Jabush, do grupo de investimentos Green Alpha Advisors, à rede norte-americana CNBC.
Em Davos, líderes mundiais terão que achar espaço entre as conversas sobre o futuro econômico da União Europeia para debater políticas que multipliquem a produção de alimentos e assegurem o acesso dos mais pobres à comida.
“A Agricultura será uma parte importante de qualquer discussão internacional daqui para frente. Sabemos que a atividade pode ser aprimorada, inclusive para emitir menos gases do efeito estufa”, declarou Molly Jahn, professor de agronomia da Universidade do Wisconsin.
O Fórum Econômico Mundial pode tentar se espelhar no recente projeto anunciado pela FAO em conjunto com a Comissão Europeia, que promete ajudar Malauí, Vietnã e Zâmbia na transição para uma abordagem de “clima inteligente” para a agricultura.
“O aumento da preocupação de como alimentar o crescimento populacional esperado para as próximas décadas deve ser encarado também como uma oportunidade para avanços científicos, prevejo que teremos uma grande explosão de iniciativas agrícolas inovadoras em 2012”, disse Jabush.

Carne Artificial
Propostas de como alimentar uma população mundial estimada em nove bilhões de pessoas em 2050 são muitas, como os transgênicos, a irrigação de áreas desérticas e até o aumento do uso de insetos nos pratos cotidianos. Entre todas essas, uma das mais ambiciosas é a de carne criada em laboratório.
Para atender a demanda crescente de cada vez mais pessoas saindo da miséria com o desenvolvimento de países emergentes, a expansão da pecuária vem provocando grande desmatamento e a criação intensiva pode não ser uma opção, por causa de seus custos e do stress que causa nos animais.
Assim, novas formas de produzir carne seriam muito benvindas. Tanto que o grupo de proteção animal Peta lançou há cinco anos um concurso com a promessa de premiar com US$ 1 milhão qualquer cientista que até 30 de junho de 2012 apresentasse a carne artificial de uma galinha.
“Existe a chance real de que alguém vá receber o prêmio. Muitos pesquisadores estão fazendo progressos e estamos bastante otimistas”, afirmou Ingrid Newkirk, fundadora da Peta.
Uma prova de que esse campo do conhecimento está realmente crescendo são os estudos da Universidade de Maastricht, na Holanda, com células-tronco para a produção de alimentos. De acordo com o pesquisador Mark Post, o primeiro hambúrguer artificial será apresentado até o fim deste ano.
A Universidade de Utrecht, também na Holanda, trabalha com o mesmo método de células-tronco, que possuem o potencial de gerar toneladas de carne com as células de um único indivíduo.
“Porém, todo o processo é muito complexo e difícil. Não conseguimos cultivar células de embriões, apenas de animais adultos e ainda não somos eficientes nisso. Acredito que precisamos de mais uma década de pesquisas e de mais recursos”, afirmou Bernard Roelen, professor de ciência veterinária em Utrecht, ao The Guardian.
De acordo com uma pesquisa publicada no periódico Environmental Science & Technology em junho passado, a carne artificial seria um avanço sem precedentes para a alimentação mundial. Com relação ao modelo convencional, a produção de carne em laboratório precisa de 96% menos água, 99% menos terra e resulta na redução de 78% a 96% das emissões de gases do efeito estufa.

(Instituto CarbonoBrasil)


Benefícios da conservação superam US$ 1 trilhão

Grande parte das áreas naturais está ameaçada ao redor do globo e as pessoas que vivem nas suas redondezas e no seu interior não têm recursos suficientes para efetivar ações que aprimorem a conservação dos ecossistemas. Ao mesmo tempo, muitas vezes as iniciativas de conservação de habitats e de redução da pobreza acabam colidindo e criando controvérsias.

Um estudo publicado na revista Bioscience de janeiro de 2012 analisou justamente os fluxos de serviços ecossistêmicos fornecidos às pessoas pelos habitats prioritários para conservação, considerando a distribuição global da biodiversidade, fatores físicos e o contexto socioeconômico.
Dezessete dos principais hotspots do mundo foram estudados pelos cientistas, que chegaram ao valor de US$ 1 trilhão ao ano para os serviços ecossistêmicos gerados por estes locais para as comunidades pobres.
Os pesquisadores estimam que, além dos benefícios gerados pelas florestas, as populações rurais poderiam receber até meio trilhão de dólares ao ano se fossem recompensadas por estes serviços – considerando ecossistemas saudáveis. Entre estes ‘serviços’ estão a polinização das plantações, alimentos, fibras, remédios, água limpa e regulação climática.
“O potencial global de apoio que a conservação da biodiversidade pode oferecer às comunidades pobres é alto: 25% das principais áreas prioritárias para conservação podem oferecer entre 56% e 57% dos benefícios”, diz o estudo, demonstrando uma situação em que ambos ganham com as sinergias, aprimoradas com a existência de mecanismos financeiros efetivos.
Esta é a primeira estimativa global dos fluxos de serviços dos habitats originais para os beneficiários humanos, com modelos perpassando uma gama de serviços e diferentes padrões geográficos de recepção dos mesmos.
“O que a pesquisa mostra claramente é que a conservação dos remanescentes de biodiversidade no mundo não é apenas um imperativo moral, é um investimento necessário para a perpetuação do desenvolvimento econômico. Mas em muitos locais onde os pobres dependem destes serviços naturais, estamos perigosamente perto da sua exaustão, resultando na continuidade da pobreza”, comentou Will Turner, principal autor do estudo e vice-presidente da Conservação Internacional.
Se o valor gerado pelos ecossistemas saudáveis fosse distribuído equitativamente, superaria US$ 1 por pessoa por dia para quase um terço das pessoas mais pobres do mundo, sugere o estudo.
No geral, as análises indicaram que a importância das áreas prioritárias para conservação é robusta para os pobres e não depende especialmente de nenhum serviço ou mecanismos financeiros. Isto indica que, independente da criação de mecanismos adequados de transferência de recursos, a conservação da biodiversidade provê tanto serviços diretos (alimento, combustível) como indiretos (polinização, água limpa), que os pobres têm dificuldade em substituir.
Isto foi comprovado em dois casos específicos através de análises comparativas em distritos com e sem conservação da biodiversidade: os distritos com áreas protegidas tinham 10% menos pobreza na Costa Rica e 30% menos na Tailândia (Andam et al. 2010), demonstra o estudo.
Entretanto, os autores ressaltam que sozinhos, os fluxos biofísicos e de serviços ecossistêmicos não são suficientes para tirar as pessoas da pobreza e que é preciso implementar mecanismos financeiros, como Pagamentos por Serviços Ecossistêmicos e REDD, com o auxílio de agências de desenvolvimento com expertise em redução de pobreza.
As economias desenvolvidas e em desenvolvimento têm que compensar os pobres por estes serviços tão importantes, enfatizou Turner. “Isto é exatamente o que queremos dizer quando falamos sobre valoração do capital natural. A natureza pode não nos mandar a conta, mas seus serviços e fluxos essenciais, tanto diretos como indiretos, têm valor econômico concreto”.


(Instituto CarbonoBrasil)


Moda com pegada sustentável

O que aconteceria se artesãos, ativistas, designers e artistas de todo o país (e também do exterior) se reunissem para promover uma   moda economicamente viável, ecologicamente correta e socialmente justa? A resposta pode ser encontrada no Coletivo Sustentável, site que uniu os mais diferentes profissionais, estilos e ideias para promover o conceito da sustentabilidade nas passarelas.
Inaugurado em 2011, o Coletivo Brasil reúne vinte marcas além de mais de trinta profissionais. Seus integrantes, todos voluntários, querem explorar novas possibilidades criativas, só que dessa vez com princípios socioambientais. Juntos esperam realizar desfiles, exposições e catálogos em que a sustentabilidade deixará de ser apenas uma ideia, mas também um princípio e um ideal a ser alcançado, buscando alguma forma de devolver ao planeta os recursos naturais que foram utilizados.
Conheça algumas marcas envolvidas nessa iniciativa e as diversas maneiras de trabalhar com moda sustentável:
A  Será o Benefício, por exemplo, usa materiais pouco convencionais como a juta, papel de vedação para construção civil, pneus e couro vegetal. Além disso, também valorizam o processo ecológico de lavagem e tingimento.
Já as Irmãs Green reinterpretam a estética do sustentável, não se prendendo somente a cores pastéis e confecções de peças básicas, mas optando por cores vibrantes e trabalhos complexos. Entre os materiais utilizados está a fibra PET reciclada,  malha de resíduo têxtil, algodão reciclável, fibras de coco, jeans reciclado e até mesmo botões em madeira reflorestada.
Ecotece tem suas raízes no lema “vestir consciente”. Para isso, além de promover atividades com resíduos e reciclagem, aborda também o aspecto socioeconômico da sustentabilidade, trabalhando com moda inclusiva e comércio justo. Para o grupo, além de bens de consumo, as roupas podem ser responsáveis por gerar práticas educativas e potencializar o cuidado com a natureza, o valor das mãos e a geração de renda.


http://mercadoetico.terra.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...