sábado, 7 de janeiro de 2012

Incêndios florestais: medidas para que o futuro não repita o passado

Os incêndios florestais no sul do Chile tiveram uma consequência trágica com a morte de sete bombeiros e agora ganham outra conotação, com a explícita suspeita do governo de que um grupo radical mapuche (maior etnia originário do Chile, que exige direitos ancestrais de posse de terras, hoje em mãos privadas) estaria por trás de algum dos sinistros. Nesta semana, outro incêndio afetou o parque nacional Torres del Paine, na Patagônia chilena, arrasando 15.000 hectares de um local declarado reserva da biosfera pela Unesco. Neste caso, um israelense foi acusado de causar o sinistro por conduta negligente. (http://www1.folha.uol.com.br)



Assim como no Chile, no Brasil os incêndios florestais acarretam consequências desastrosas para o meio ambiente, sendo suas causas as mais variadas, ou seja, podem ser de caráter criminoso ou não. Mais de 95% dos incêndios florestais brasileiros são causados por ações humanas. A grande maioria delas, feita de forma intencional, por negligência, imprudência, imperícia ou litígio com áreas protegidas.

As principais causas dos incêndios florestais no País são devido à queima para limpeza, que corresponde a 63,7% da área queimada, seguida da queima criminosa ou provocada por incendiários (14,7%); fogos de recreação ou acidental (11,6%); diversos (4,4%); fumantes (2,9%); estradas de ferro (0,5%); e queimas de origem natural ou provocadas por raios, que correspondem a apenas 0,2%.




A perda da biodiversidade é hoje a fronteira planetária que mais nos distancia de uma operação segura no planeta. Os incêndios florestais dizimam em horas o esforço de conservação de décadas. O potencial de recuperação das florestas e de toda a biodiversidade nelas contida é limitado e a consequência, baixa biodiversidade, traz problemas severos onde se ressalta a segurança alimentar: pragas na agricultura (e consequente intensificação do uso de agrotóxicos), perda de qualidade do solo, desertificação, dentre outros.
Trabalhos de conscientização ambiental e de racionalização do uso do fogo, em forma de queima controlada, são fundamentais para que os pequenos produtores possam conhecer e aplicar novas técnicas. Portanto, podem ser repassados conhecimentos sobre alternativas de uso do fogo, de forma que, ao fim do processo, eles estejam não só capacitados, como habilitados para o emprego correto dessas técnicas e conscientes dos aspectos legais relacionados com a queima controlada. A elaboração e a execução de programas de educação ambiental de forma participativa e preventiva constituem uma possível solução para essa problemática.

"As Florestas e áreas naturais conservadas são as principais responsáveis pela reposição de água nos lençóis freáticos e pela disponibilidade de água doce para cada um dos seres humanos e demais seres vivos do planeta. Os incêndios florestais estão intimamente ligados à diminuição dos estoques de água doce disponíveis, com sérias consequências para a humanidade e biodiversidade em curto e médio prazo. O regime de chuvas depende da umidade propiciada pelas florestas. Há evidências que os períodos prolongados de estiagem e secas severas estejam relacionados com a perda das florestas e seu potencial de geração de umidade".



O que precisa mudar?
  • As ações nacionais de prevenção e combate a incêndios florestais são locais, fragmentadas, pouco aparamentadas, incipientes e não são amparadas por uma política nacional organizada. Os órgãos governamentais que tratam desse problema gastam sua energia, literal e metaforicamente, apagando incêndios. A falta de uma política pública com esse fim inviabiliza ações amplas e eficazes;
  • A falta de ações dos poderes executivo e legislativo, insuficientemente envolvidos em uma mobilização voltada para a solução definitiva do problema;
  • A ausência de uma Política Nacional de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, que defina diretrizes de ação em âmbito Nacional;
  • Baixa integração entre órgãos e ações estratégicas de prevenção e combate a incêndios entre União, Estados e Municípios. Com especial relevância para a necessidade de órgãos ambientais estruturarem setores específicos para controlar e extinguir incêndios que são causados em outros setores do governo e da sociedade que hoje não acontecem por não serem de sua competência;
  • Ações de grupos econômicos interessados na destruição das florestas com o objetivo de ampliarem as fronteiras de seus empreendimentos (destaque às fronteiras agrícolas nos diferentes biomas);
  • A fragilidade de programas; falta de integração, organização e financiamento para ações de médio e longo prazo (de educação, sensibilização e divulgação) voltados para a diminuição efetiva dos incêndios florestais.



Fonte: http://mensageirosdaagua.org; Rev. Árvore, vol. 27, nº 1, Viçosa, 2003.


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