sexta-feira, 16 de março de 2012

Religião e o meio ambiente: Pastores e o dilema ambiental

O tema “meio ambiente” é um assunto pouco tratado nos púlpitos evangélicos. E os críticos afirmam que muitos pastores evitam o tema por medo de serem considerados liberais.

A consciência de um direito surge da necessidade de sua proteção e tal necessidade se apresenta quando existe ofensa ou ameaça de lesão. O homem sempre viveu em contato com a natureza e, na satisfação de suas necessidades, sempre utilizou elementos da natureza.

Líderes de comunidades cristãs, que consideram o tema importante, afirmam que cuidar das criações de Deus é uma importante parte das Escrituras, já que a ética evangélica de cuidar do meio ambiente é baseada em ensinamentos bíblicos.

Quando se trata de evangélicos de forma geral, os americanos nos superam. No início deste século, eram 44 milhões nos EUA. Projeções feitas recentemente apontam que o número de evangélicos no Brasil pode chegar a 40 milhões. O crescimento é tal que, se continuar no mesmo ritmo, segundo estatísticas, a igreja evangélica no Brasil alcançará 50% da população no ano de 2045.

Segundo a OMEAP (Ordem dos Ministros Evangélicos do Amapá) cerca de 38% da população do Estado do Amapá é evangélica (aproximadamente 250 mil pessoas), distribuídos em cerca de mais de 400 igrejas. Em Brasília, para se ter uma ideia, os evangélicos chegam perto de 1,1 milhão de pessoas, distribuídas em 4,7 mil templos dos mais diversos ministérios, segundo dados do IBGE. A Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo, possui sede em todos os continentes do Planeta – está em 110 países. A Internacional da Graça de Deus vai pelo mesmo caminho. Já chegou aos Estados Unidos, ao México e ao Japão. Entre as mais antigas, a Assembleia de Deus possui endereços nas Américas, na Ásia e na Europa.

O ministério Rede Evangélica do Meio Ambiente (EEN) diz em sua declaração de fé que “como seguidores de Jesus Cristo, comprometidos com as Escrituras, e conscientes de como degradamos a criação, acreditamos que a fé Bíblica é essencial na solução de nossos problemas ecológicos”.

Muitos líderes cristãos, como o Reverendo Canon Sally G. Bingham, do Projeto Regeneração, acreditam que o tema não é tratado nas igrejas porque muitos pastores o consideram um tema político, e não bíblico.

Partindo da premissa de quando você fala sobre amar seu vizinho como a você mesmo, isso significa que você não polui o ar e a água de seu vizinho. É uma mensagem tão simples. Sendo assim, haverá um grande impacto positivo se conseguirem mais religiosos pensando sobre o meio ambiente como um assunto de fé.

Muitos reverendos dizem que o fato de que muitos pastores foram ao seminário quando ecologia não era considerada um tema importante, é um dos motivos pelo qual o assunto é tido como secundário nas igrejas. E afirmam também que esse cenário está mudando com os pastores mais jovens.

Existe uma dimensão ecológica sobre as Escrituras que muitos acreditam ser realmente ignorada e acham que uma das razões para que isso seja ignorado é porque as pessoas têm a crença que só estamos passando pela Terra e que elas não a consideram seu lar.

O fato é que os assuntos sobre meio ambiente e ecologia já fazem parte da Igreja evangélica na pós-modernidade, saindo cada vez mais da teoria e se tornando práxis.

Para muitos é preciso mais pedagogia, mais exemplo, mais didática, inclusive dentro dos Templos. Quem atira um papel de bala dentro de uma Igreja, vai jogar uma garrafa pet vazia no meio da rua. Isso é iniquidade, porque alguém vai ver. Alguém está vendo. E esta atitude "porca" vai ser gravada pelos olhos de alguém ou da sociedade inteira.

A Igreja que promove um evento público deve, tem o dever conscientizar e martelar o assunto limpeza e respeito ao meio ambiente, perante seus membros, para que sirvam de bom exemplo e padrão de conduta para a sociedade. A crítica contra a sujeira não é preconceito - é uma constatação. O bom exemplo de respeito à natureza ou ao patrimônio público também é uma forma de evangelizar - pelo bom exemplo.

Os conceitos de mordomia cristã sempre estiveram presentes nas escrituras, desde Gêneses, quando Deus manda o homem cuidar do jardim do éden. Mas os evangélicos sempre mantiveram o foco na salvação da alma, e esqueceram que a natureza também precisava de salvação.

Ed Rene Kivitz, um dos pregadores da missão integral no Brasil, disse que “O caos do universo é fruto da rebeldia da raça humana em relação ao Deus criador; a redenção do universo – fazer convergir todas as coisas em Cristo”.

Para John Medcraft, pastor e presidente da Igreja Ação Evangélica, não existe dúvida “Cuidar da natureza faz parte da missão integral do Cristão”.

O deputado estadual José Bittencourt, presidente do Instituto Teológico Betel do ABCD, criou um projeto de lei (PL1093) chamado “Selo Igreja Verde” que seria entregue às Igrejas comprometidas com a causa do meio ambiente. Para ele “as Igrejas verdes abriram espaço para a conscientização ecológica”.

Hoje existem até evangélicos considerados “ecocapelões” como é o caso Valter Ravara, o criador do Instituto Gêneses 1.28, que trabalho com consciência ambiental nas Igrejas além de ser também um dos responsáveis pelo o lançamento de uma versão da Bíblia chamada Bíblia Verde.

Vejam algumas passagens bíblicas que falam da preocupação dos homens revelados pela bíblia: um dos textos está em Genesis 13: 1-12, no qual o patriarca Abraão e o personagem Ló, sobrinho dele, chegaram a uma terra que não tinha recursos naturais suficientes para abrigar as duas famílias e os bens. Para evitar contendas e problemas no local, os dois se separaram. Em outra passagem, o livro de Deuteronômio 19:20, mostra a preocupação em relação às árvores. O texto sagrado diz que quando uma cidade fosse cercada, o exército não deveria cortar nenhuma árvore, porque “o arvoredo do campo é mantimento para o homem”.

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