segunda-feira, 19 de março de 2012

Água temos, o que falta é gerenciamento !

Segundo dados do censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 60% da população da capital Macapá está ligada a rede de abastecimento de água. Isso corresponde a 100 mil residências, mas apenas 36 mil estão cadastradas como unidades consumidoras da Caesa. Logo é alto o número de ligações clandestinas.

Apesar das ampliações na rede de água e esgoto, muitas residências ficam sem receber o “precioso líquido”. Não basta ir longe para se ver os problemas decorrentes da falta de água. Muitos bairros periféricos e da região central de Macapá sofrem com o racionamento e até falta total da água.

Quando falamos em água, falamos em água potável, recomendada para o consumo humano. A realidade é que usamos irresponsavelmente a água. Siga essa lógica: gastamos um copo de água para beber e, em contrapartida, gastamos três para lavá-lo. O problema é que não nos damos conta do quanto devemos economizar.

Além disso, o uso indiscriminado do solo e o desmatamento levam ao desaparecimento da fauna e flora e esgota a água das nascentes, gerando muitas perdas e, os efeitos, são percebidos por todos.

Há a necessidade de governos, iniciativa privada e sociedade estarem preparados para os riscos, vulnerabilidades e impactos da destruição dos ecossistemas. Nas áreas urbanas, a falta de tratamento de esgoto compromete a qualidade das águas, e no meio rural o desmatamento prejudica a capacidade de recarga do ciclo hídrico, conduzindo à sua falta.

Tanto no Estado do Amapá, como no resto do Brasil, o maior problema para garantir o abastecimento de água nesta década não é a limitação de oferta para captação e tratamento, tampouco o desperdício da população ou os vazamentos nas redes. O grande desafio é o gerenciamento eficaz do uso da água. A deficiência de água para o uso diário é um problema de falta de gerenciamento do recurso em todas as instâncias. O mau uso dos recursos hídricos leva à escassez, o que pode gerar conflito entre as populações e gerar problemas bem maiores de saúde pública e desenvolvimento.

Veja os dados dos dois principais aquíferos do Brasil, reflita sobre a importância desses mananciais e seja um propagador da relevância deles para nossas vidas, fauna, flora e sistemas naturais como um todo: Aquífero Alter do Chão ou Grande Amazônia (possui um volume de 86 mil quilômetros cúbicos de água doce, o equivalente para abastecer a população mundial - atualmente estimada em sete bilhões - em até 100 vezes e está localizada sob os Estados do Amazonas, Pará e Amapá); e o Aquífero Guarani (com 45 mil km³ de volume, o suficiente para abastecer de forma sustentável cerca de 500 milhões de habitantes. Se estende por São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Sua área total é de 1,19 milhão de quilômetros quadrados e atinge ainda partes dos territórios do Uruguai, Paraguai e Argentina).

Vale lembrar que o país possui outros aquíferos importantes também como Urucuia (BA), Serra Grande (PI) e Cabeças (MA). Em relação ao Aquífero do Alter do Chão e o do Guarani, os números são expostos dessa forma para se fazer um comparativo em relação à riqueza dos recursos naturais e ao vastíssimo potencial das águas subterrâneas.

A propósito do Dia Mundial da Água, a ANA (Agência Nacional de Águas) divulgou que mais da metade dos municípios brasileiros poderá ter problemas de abastecimento nos próximos anos. Ao avaliar a oferta e o crescimento de demanda de água no País, a entidade concluiu que o Brasil precisará investir R$ 70 bilhões para assegurar o fornecimento de água tratada até 2025. Isso significa que se a infraestrutura não acompanhar o crescimento populacional, e consequente elevação do consumo, boa parte da população brasileira terá de conviver com períodos de crise no abastecimento, com racionamento ou simplesmente falta de água nas torneiras. E isso tudo, paradoxalmente, com fartura de água.

Na década de 1990, o geógrafo Tony Allan criou o conceito de ‘água invisível' - aquela que é retirada do planeta, é consumida e ‘não aparece'. Quando se toma uma simples xícara de café, por exemplo, é bom lembrar que ‘gastamos' também 140 litros, segundo o cálculo da água necessária em toda a cadeia produtiva, do plantio na lavoura ao processamento industrial. Um quilo de carne exige 15.497 litros. Uma calça jeans (algodão) pede 11 mil litros.

Mas cada vez mais é necessário fazer contas para se avaliar a dimensão dos desafios da sobrevivência humana neste século 21. Nenhum governante possui a solução mágica para assegurar o fornecimento de água nas próximas décadas. Há apenas um consenso: nada mudará em relação à água sem a conscientização da população sobre o seu uso consciente.

Um comentário:

  1. Em Macapá, na Av. Maranhão no Bairro do Pacoval, não temos água da CAESA há mais de 15 anos.Os moradores utilizam-se de poços artesianos para suprirem seu abastecimento,enquanto isso, muitos canos ficam a despejar água sem que nehum órgão competente tome atitude.

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