sexta-feira, 9 de março de 2012

Os mata-mosquitos elétricos podem transmitir doenças?

As famosas “raquetes elétricas” que são amplamente utilizadas pela população amapaense para matar mosquitos podem, além de eliminar os insetos, causar doenças. É isso mesmo, devido ao ambiente favorável de nossas Terras Tucujús (clima quente e úmido), a proliferação dos famigerados por sangue segue em pleno vapor.

De acordo com pesquisas recentes, é verdade que os mata-mosquitos elétricos podem transmitir as doenças carregadas pelos insetos que eles matam.

Os estudos foram realizados por dois pesquisadores da Universidade Estadual do Kansas, James Urban e Alberto Bruce, em experimentos com moscas contaminadas em ambientes domésticos com bactérias ou vírus externamente (por meio de um aerossol) e internamente (alimentando-as com soluções de sacarose contendo bactérias ou vírus). Então, eles soltaram as moscas em uma câmara onde estava instalado um mata-mosquitos elétrico e posteriormente tiraram uma amostra do ar a várias distâncias do dispositivo.

O que eles descobriram foi que o ar ao redor do mata-mosquitos estava contaminado com bactérias e partículas de vírus provenientes das moscas eletrocutadas (as moscas contaminadas externamente liberaram mais bactérias e partículas virais do que aquelas contaminadas internamente). Outra pesquisa mostrou que os mata-mosquitos elétricos podem espalhar uma névoa contendo partes de insetos a até 2 metros do dispositivo. Urban e Bruce concluíram que os mata-mosquitos elétricos apresentam um risco à saúde porque liberam bactérias, vírus e alérgenos potenciais (partes de insetos) no ar circundante.

Não quero dizer que as pessoas não podem mais usar esse aparelho para matar os tão incômodos insetos, mas sim, se você planeja usar um mata-mosquitos elétrico em seu próximo piquenique ou churrasco, use-o a pelo menos uns 4 metros de distância de áreas onde a comida é preparada ou ingerida e do local de brincadeira das crianças.

Entendam porque os mosquitos nos perseguem tanto

Os mosquitos são insetos que existem há mais de trinta milhões de anos. Tudo indica que ao longo desses anos os mosquitos se dedicaram a aperfeiçoar suas habilidades ao ponto de serem agora especialistas em encontrar pessoas para picar. Um mosquito tem uma verdadeira bateria de sensores projetados para rastrear a presa, como:




  • Sensores químicos - os mosquitos são sensíveis ao dióxido de carbono e ao ácido láctico a uma distância de 36 metros. Os mamíferos e pássaros liberam esses gases como parte do processo normal de respiração. Certos produtos químicos no suor também atraem os mosquitos (as pessoas que não transpiram muito não recebem tantas picadas);
  • Sensores visuais - se as roupas contrastarem com o ambiente e, principalmente, se os mosquitos perceberem movimentos associados à roupa, as picadas são certas. Eles apostam que qualquer movimento é sinal de "vida", com bastante sangue disponível no local em que ele ocorre;
  • Sensores de calor - mosquitos podem detectar o calor e encontrar mamíferos e pássaros de sangue quente com muita facilidade à curta distância.

Algo com esses muitos sensores faz com que se pareçam mais com aeronaves militares do que com um inseto. Está aí o motivo pelo qual os mosquitos acham e picam com tanta eficiência. Como veremos mais tarde, uma das únicas formas de evitar que os mosquitos lhe encontrem é confundir seus receptores químicos passando algo como o DEET (N,N-dietil-meta-toluamida, repelente).

Só os mosquitos fêmeas picam. Elas são atraídas por várias coisas, incluindo calor, luz, transpiração, odor corporal, ácido láctico e dióxido de carbono. A fêmea pousa na pele e perfura-a com a tromba (a tromba é muito afiada e fina, a picada pode passar despercebida). A saliva da fêmea contém proteínas (anticoagulantes) que evitam a coagulação do sangue. Ela suga o sangue que vai parar no abdômen (cerca de 5 microlitros por refeição para um mosquito Aedes aegypti).

Se ela for perturbada, alça voo e escapa. Caso contrário ela fica até encher o abdômen completamente. Se cortássemos o nervo que a faz sentir o abdômen, ela continuaria sugando até arrebentar.

Depois da picada o mosquito deixa um pouco de saliva na ferida. As proteínas da saliva evocam uma resposta imunológica do corpo. A área picada incha criando uma pústula e o inchaço no seu entorno coça como reação à saliva. Depois de algum tempo o inchamento desaparece, mas a coceira continua até que as células de imunidade decomponham as proteínas da saliva.

Para tratar picadas de mosquito, lave a picada com sabão suave e água. Procure não arranhar a área picada, por mais que ela coce. Alguns remédios contra coceira podem dar alívio como loções de calamina ou cremes de cortisona vendidos mesmo sem receita em farmácias. De uma forma geral as picadas dispensam assistência médica (salvo se houver tonteira ou náusea, sinais de forte reação alérgica).

ComoTudoFunciona

3 comentários:

  1. poxa cara que lega adorei essa matéria, parabéns é muito boa!

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  2. Então mais nisso tudo tem algo mais eficiente para combater esses insetos e permitir uma saúde mais favoravel?

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  3. Só para deixar claro, o que o texto não deixou. O Flavivirus (ou o vírus da Dengue) só é (de forma convencional) transmitida através da picada do Aedes Aegypti, o Mosquito da Dengue. Então, se resquícios deste mosquito ficam no mata-mosquitos elétrico, consequentemente, o vírus da Dengue não será transmitida através do mata-mosquitos elétrico devido ao que foi citado anteriormente.
    Ter uma dessas "raquetes elétricas" em casa é muito eficiente, principalmente para o controle (por mais que seja mínimo) destes agentes transmissores.

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