Quem passou pela orla da cidade
de Macapá nesta segunda-feira (9), pode observar o Rio Amazonas transbordando.
O fato até que passaria sem muitas objetivações por parte da população, a não
ser pelos acontecimentos recentes da política local. Antes que os desavisados possam largar suas
ásperas frases tentando justificar as causas do tipo: - “Foi por causa das 35
contas do governador que culminaram com o ocorrido” ou do outro: - “foram as
verbas indenizatórias que com seus R$100 mil por mês fizeram transbordar”. O fenômeno
ocorrido é chamado de Maré Alta ou Maçante, que esse ano se mostrou mais
severo, em virtude da Lua cheia. O fenômeno é comum no inverno e neste mês de
abril, devidos às chuvas e ventos fortes, pode ocorrem ainda nos próximos dias.
Boatos e fatos à parte, as causas
dos transbordamentos do maior e mais extenso rio do mundo tem suas origens bem
longe aqui da foz.
As causas surgem na nascente,
pois com o aumento acelerado da emissão de gases tóxicos oriundos da queima de
combustíveis fósseis e com as queimadas e desmatamentos, a temperatura da Terra
esta fazendo com que haja o derretimento das camadas de gelo acumuladas no topo
das Cordilheiras dos Andes, justamente onde nasce o rio Amazonas.
Em seu trajeto, o Rio Amazonas,
em virtude da exuberante biodiversidade, traz consigo restos de árvores e
outros vegetais, animais mortos e sedimentos arrancados das beiras do rio. Concorre
para o aumento do nível das águas a chuva, pois a região é bastante úmida. Não
só apenas os sedimentos ajudam, mas as ações antrópicas também. O lixo
despejado nos rios e a retirada da mata ciliar agravam em muito o problema.
Na Amazônia, normalmente, as
inundações são cíclicas e nitidamente sazonais. Quem mais sofre com as
enchentes são os ribeirinhos. Em Macapá quem mora perto do Rio Amazonas como no
Canal da Mendonça Júnior, Orla do Perpétuo Socorro e Aturiá, tem suas vidas e
casas arruinadas com o aumento das águas.
A Amazônia apresenta nas margens
dos seus inúmeros rios, principalmente na margem do rio Amazonas, núcleos de
ocupação populacional, representantes de múltiplas realidades sociais em convivência
com a dinâmica ambiental, ou seja, os habitantes das margens dos rios
aprenderam a viver e conviver com a dinâmica da enchente e ao mesmo tempo com
os fenômenos climáticos.
A cada ano as influências
climáticas globais atingem e agravam a situação de vida dos moradores das
margens dos rios e para agravar mais a situação das mudanças climáticas dentro
da Amazônia têm a presença da ação antrópica, ou seja, a floresta e toda sua riqueza
é vista como fonte de lucro e com isso os latifundiários, grandes madeireiras e
criadores se instalam dentro da região com o discurso do desenvolvimento, porém
falta manejo.
O resultado desse avanço são
áreas devastadas e solos cada vez mais empobrecidos. As várzeas passam ser
ocupadas pela pecuária, expulsando os antigos moradores, tendo como
consequência a mudança do viver e do morar.
Estas características de impactos
e convivências sócio naturais permitem ao amazônida criar novas formas de
relações de produção e aprendem a conviver com as grandes cheias do rio
Amazonas e seus afluentes.
Diante dos desastres naturais e
antrópicos, a Amazônia é um lugar de biodiversidade, guardando heranças
geológicas e também populacionais dos primeiros habitantes, que deixaram
registrados sua estada em sítios arqueológicos e nos seus herdeiros – índios da
Amazônia; há também a herança da colonização, tendo na figura do
caboclo-ribeirinho e dos moradores da Amazônia marcas deste processo, seja em traços
físicos ou em aspectos culturais.
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