segunda-feira, 9 de abril de 2012

Enchentes na Amazônia Tucujús


Quem passou pela orla da cidade de Macapá nesta segunda-feira (9), pode observar o Rio Amazonas transbordando. O fato até que passaria sem muitas objetivações por parte da população, a não ser pelos acontecimentos recentes da política local.  Antes que os desavisados possam largar suas ásperas frases tentando justificar as causas do tipo: - “Foi por causa das 35 contas do governador que culminaram com o ocorrido” ou do outro: - “foram as verbas indenizatórias que com seus R$100 mil por mês fizeram transbordar”. O fenômeno ocorrido é chamado de Maré Alta ou Maçante, que esse ano se mostrou mais severo, em virtude da Lua cheia. O fenômeno é comum no inverno e neste mês de abril, devidos às chuvas e ventos fortes, pode ocorrem ainda nos próximos dias.

Boatos e fatos à parte, as causas dos transbordamentos do maior e mais extenso rio do mundo tem suas origens bem longe aqui da foz.

As causas surgem na nascente, pois com o aumento acelerado da emissão de gases tóxicos oriundos da queima de combustíveis fósseis e com as queimadas e desmatamentos, a temperatura da Terra esta fazendo com que haja o derretimento das camadas de gelo acumuladas no topo das Cordilheiras dos Andes, justamente onde nasce o rio Amazonas.

Em seu trajeto, o Rio Amazonas, em virtude da exuberante biodiversidade, traz consigo restos de árvores e outros vegetais, animais mortos e sedimentos arrancados das beiras do rio. Concorre para o aumento do nível das águas a chuva, pois a região é bastante úmida. Não só apenas os sedimentos ajudam, mas as ações antrópicas também. O lixo despejado nos rios e a retirada da mata ciliar agravam em muito o problema.

Na Amazônia, normalmente, as inundações são cíclicas e nitidamente sazonais. Quem mais sofre com as enchentes são os ribeirinhos. Em Macapá quem mora perto do Rio Amazonas como no Canal da Mendonça Júnior, Orla do Perpétuo Socorro e Aturiá, tem suas vidas e casas arruinadas com o aumento das águas.

A Amazônia apresenta nas margens dos seus inúmeros rios, principalmente na margem do rio Amazonas, núcleos de ocupação populacional, representantes de múltiplas realidades sociais em convivência com a dinâmica ambiental, ou seja, os habitantes das margens dos rios aprenderam a viver e conviver com a dinâmica da enchente e ao mesmo tempo com os fenômenos climáticos.

A cada ano as influências climáticas globais atingem e agravam a situação de vida dos moradores das margens dos rios e para agravar mais a situação das mudanças climáticas dentro da Amazônia têm a presença da ação antrópica, ou seja, a floresta e toda sua riqueza é vista como fonte de lucro e com isso os latifundiários, grandes madeireiras e criadores se instalam dentro da região com o discurso do desenvolvimento, porém falta manejo.

O resultado desse avanço são áreas devastadas e solos cada vez mais empobrecidos. As várzeas passam ser ocupadas pela pecuária, expulsando os antigos moradores, tendo como consequência a mudança do viver e do morar.

Estas características de impactos e convivências sócio naturais permitem ao amazônida criar novas formas de relações de produção e aprendem a conviver com as grandes cheias do rio Amazonas e seus afluentes.

Diante dos desastres naturais e antrópicos, a Amazônia é um lugar de biodiversidade, guardando heranças geológicas e também populacionais dos primeiros habitantes, que deixaram registrados sua estada em sítios arqueológicos e nos seus herdeiros – índios da Amazônia; há também a herança da colonização, tendo na figura do caboclo-ribeirinho e dos moradores da Amazônia marcas deste processo, seja em traços físicos ou em aspectos culturais.

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