sábado, 21 de abril de 2012

Dia da Terra: será que somos "os presentes" que ela sempre sonhou?


O Dia da Terra vem ganhando cada vez mais importância desde que foi criado timidamente no início da década de 1970 (22 de abril). Este ano, mais de 500 milhões de pessoas devem comemorar a passagem do dia em 85 países.

O dia surgiu como um movimento universitário e converteu-se em um importante acontecimento educativo e informativo. Os grupos ecologistas utilizam-no como ocasião para avaliar os problemas do meio ambiente do planeta: a contaminação do ar, água e solos, a destruição de ecossistemas, centenas de milhares de plantas e espécies animais dizimadas, e o esgotamento de recursos não renováveis. Utiliza-se este dia também para insistir em soluções que permitam eliminar os efeitos negativos das atividades humanas. Estas soluções incluem a reciclagem de materiais manufaturados, preservação de recursos naturais como o petróleo e a energia, a proibição de utilizar produtos químicos danosos, o fim da destruição de habitats fundamentais como as florestas tropicais e a proteção de espécies ameaçadas. Por esta razão é o Dia da Terra.

Este dia não é reconhecido pela ONU e também não é um feriado em nenhum país da Terra. Que pena! Pois nossa Mãe Terra está cada vez mais carente e pobre de ideias e apoio em busca da tão sonhada sustentabilidade.

Na época do Dia da Terra de 1970, bem como nos primeiros anos de celebração da data, tratava-se de um movimento em prol da “conservação” e não do “meio ambiente” em geral. O foco era preservar e proteger. Questões como a poluição do ar e da água, desmatamento e testes nucleares eram as maiores e mais discutidas – o aquecimento global ainda não estava em pauta.

As coisas mudaram desde os anos 70. A comunicação é muito mais eletrônica. Protestamos online contra as guerras. Petições são assinadas via internet. “Ações ambientais” incluem atirar um papel em um lixo reciclável em vez de jogá-lo na primeira lixeira que encontrar na rua. Com o Dia da Terra não foi diferente: você não vê mais verdadeiros motins pelas ruas, ainda bem. Mas você também não encontra a mesma atmosfera que a data tinha nos anos 70.

No século 21, “conservação” virou “meio ambiente” e os governos do mundo todo estão ligados em todas essas questões. No lugar de focar na proteção de parques e eliminar pesticidas de nossa comida, o grande foco atual é salvar o planeta do aquecimento global, que pode como nós sabemos, acabar com a vida na Terra.

Salvar o meio ambiente criou um consumismo desenfreado, e no Dia da Terra do século 21, você pode encontrar uma grande variedade de produtos “verdes” à venda. Está faminto? Experimente a barra de chocolate que vem em uma embalagem reciclável. Ou talvez você prefira um pacote de fraldas de bebê ecologicamente corretas, spray não tóxicos, e sacolas específicas para fazer compras – nada de sacolas de plástico.

O sentimento pelo Dia da Terra pode ter mudado um pouco nesses últimos 42 anos, mas a motivação ainda é a mesma: agregar o maior número de pessoas e governantes em prol de ações contrárias à destruição ambiental.

Amanhã (22), em comemoração ao Dia da Terra, haverá manifestações em Brasília sobre o projeto de lei aprovado em primeira instância por deputados e senadores com aval do Governo Federal que consolida desmatamentos em áreas sensíveis e estratégicas, como margens de rios e topos de morro, anistia desmatadores, abre espaço para mais derrubada de florestas nativas e para a especulação fundiária e reforça uma cultura de impunidade, de desrespeito à legislação e desvalorização do patrimônio natural (Código Florestal).

A questão em trâmite no parlamento avança para além das fronteiras nacionais, e pode colocar em xeque o cumprimento pelo país de metas assumidas internacionalmente ligadas à conservação da biodiversidade e mudanças climáticas, por exemplo. O mundo inteiro está atento a como o Brasil vai tratar o futuro de suas florestas e se conseguirá manter sua liderança global em desenvolvimento sustentável, conquistada nas últimas décadas.

Os reflexos de uma desastrosa aprovação a toque de caixa da reforma do Código Florestal, sem debate real com a sociedade, pode ter reflexos muito negativos na Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável que acontece em junho no Rio.

A manifestação programada para o dia 22 também irá engrossar a campanha pelo veto total ao projeto de lei, caso o mesmo seja aprovado no Congresso. A campanha “Veta, Dilma!” tem repercutido em todo o Brasil e no Exterior. Vários países demonstraram seu apoio, como Alemanha, Colômbia, Canadá, Espanha, México, Portugal, Suíça, Estados Unidos e Inglaterra.

Todavia, o parlamento não ouve a Ciência, não ouve os juristas e deu às costas para a sociedade. A presidente Dilma Rousseff precisa ouvir o clamor dos brasileiros.

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