O ano de 2011 foi marcado pela ocorrência de grandes desastres ambientais em todo o planeta e por números alarmantes associados ao aquecimento global. Na esteira desses recordes negativos, intensificaram-se as discussões – e as polêmicas – sobre ações e políticas governamentais relacionadas com o meio ambiente.
Para os brasileiros, o ano começou com a pior tragédia ambiental já vivida no país: as enchentes e os deslizamentos de terra provocados pelas chuvas na região serrana do Rio de Janeiro. Ainda em janeiro, dezenas de cidades de Minas Gerais e Santa Catarina decretaram situação de emergência por causa das fortes chuvas.
Fora do Brasil os estragos não foram menores. Austrália e Tailândia viveram as piores enchentes dos últimos 50 anos. Mas nenhuma tempestade foi tão devastadora este ano quanto a que atingiu as Filipinas em dezembro.
Se a água foi o maior problema para alguns países, para outros a falta dela foi a grande vilã. O nordeste da África – região conhecida como Chifre de África, que inclui Somália, Etiópia, Djibouti e Eritréia – passou pela pior seca dos últimos 60 anos e ainda sente os efeitos da escassez de comida provocada pelo fenômeno.
Na China, a seca que começou em 2010 não deu trégua em 2011 e também se tornou a pior dos últimos 60 anos. Especialistas alertam que a queda na produção agropecuária chinesa pode levar a uma crise alimentar global. Não bastasse a falta de água, várias províncias da China ainda enfrentaram chuvas torrenciais. Os Estados Unidos sofreram um número recorde de eventos climáticos extremos este ano. O principal deles foi a seca no Texas, a pior já ocorrida no estado.
Terremotos atingiram países como Sibéria, Nova Zelândia e Turquia. Mas nada se comparou ao terremoto seguido de tsunami que atingiu o Japão em março e provocou explosões na usina nuclear de Fukushima, resultando em um dos maiores acidentes nucleares da história.
Além dos efeitos ambientais, a tragédia japonesa colocou em evidência as discussões sobre o uso da energia nuclear e muitos países europeus já decidiram abandonar essa fonte. A Alemanha, por exemplo, anunciou que vai antecipar o fechamento de suas usinas nucleares para 2022 e a Suíça também decidiu acabar com seus reatores.
Diversos estudos têm relacionado a maior frequência ou o agravamento de eventos naturais extremos ao aquecimento global. “Este foi o 11º ano mais quente desde o início dos registros”, ressalta o biólogo Jean Guimarães, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Pesquisas realizadas no Canadá e no Reino Unido mostraram que a presença de gases-estufa derivados da ação humana contribui para elevar a temperatura da atmosfera e leva a um acúmulo maior de vapor d’água, o que aumenta significativamente a probabilidade de tempestades.
Além disso, um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas(IPCC) concluiu que há uma probabilidade de 66% de que as alterações no clima já estejam contribuindo para agravar a ocorrência de eventos climáticos extremos. E a situação deve piorar se o planeta continuar a aquecer.
Por falar em aquecimento, mapas de satélites mostraram que o gelo do Ártico está derretendo em nível nunca registrado desde que as observações começaram, em 1972. Se essa tendência permanecer, os pesquisadores acreditam que não haverá gelo na região polar nos meses de verão dentro de 30 anos – cerca de 40 anos antes do que previa o último relatório do IPCC.
A julgar pelas emissões de gás carbônico, o prognóstico não é nada animador. Um estudo norueguês publicado na recém-lançada Nature Climate Change concluiu que, em 2010, as emissões de CO2 cresceram 5,9% em relação ao ano anterior e bateram seu recorde histórico.
Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br
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