Apesar do aumento dos investimentos em obras de saneamento, a qualidade dos rios próximos a grandes centros urbanos do Brasil é má ou péssima. O motivo? O modelo de desenvolvimento escolhido pelo país.
Em matéria de disponibilidade e qualidade, 90,6% das fontes de água doce apresentam resultados “bons” em nível nacional. Contudo, visto de outros ângulos, o resultado não resiste a tanto otimismo. Houve esforços e investimentos. Porém, ainda insuficientes.
A situação é pior nos rios próximos às regiões metropolitanas, onde a contaminação é atribuída principalmente ao lançamento de esgotos. Cem destes rios estão em situação de terapia intensiva. A água de qualidade má ou péssima encontra-se em grandes cidades e capitais estaduais como São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre e Rio de Janeiro, nas regiões Sul e Sudeste, Salvador, no Nordeste, e em cidades médias como Campinas (São Paulo) e Juiz de Fora (Minas Gerais).
Um diagnóstico de mais de 1.700 pontos monitorados revela que várias bacias estão comprometidas devido ao grande lançamento de “esgoto urbano doméstico”. A principal causa da contaminação das águas subterrâneas e superficiais é a falta de tratamento de esgoto e resíduos industriais. O Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento indica que apenas 35% dos esgotos nacionais recebem tratamento. Ou seja, de todo esgoto despejado, mais de 60% o é in natura, sem tratamento.
As políticas de saneamento estão dando resultados na melhoria da qualidade da água, mas ainda temos de fazer muito investimento. O Brasil retomou os investimentos e o planejamento no setor, mas é insuficiente para recuperar o tempo perdido, pois o Governo teria de abordar o saneamento como uma questão de saúde pública.
É sabido que onde há água em quantidade e qualidade adequadas, coleta e tratamento de resíduos e banheiros adequados, os índices de internação por doenças vinculadas à água caem muito, mas para solucionar o problema é preciso aumentar os investimentos, e também voltar a planejar obras e administração de recursos entre operadores públicos e privados, estaduais e municipais.
Em relação ao consumo de produtos agroquímicos, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Cada cidadão brasileiro consome, em média, 5,2 litros de agrotóxicos. O uso desses produtos fertilizantes e pesticidas, especialmente pelo agronegócio, contamina os alimentos e a água no campo que os produz e na cidade que os consome.
O Brasil possui 12% da água potável do mundo, da qual 80% está na selva amazônica, onde também se começa a perceber os efeitos da contaminação hídrica de regiões industrializadas que parecem distantes, como as do Sul e Sudeste do país. O que de fato contamina a água é a matriz de produção que o Brasil escolheu, que não é pura nem correta.
Para reverter a contaminação é preciso mudar o modelo de desenvolvimento, e, sobretudo, o paradigma. Para isso devemos nos valer dos “sete pecados capitais dos tempos modernos”, definidos pelo líder nacionalista e pacifista indiano Mahatma Gandhi (1869-1948): “Riqueza sem trabalho, prazer sem escrúpulos, comércio sem ética, ciência sem humanidade, conhecimento sem sabedoria, política sem idealismo, religião sem sacrifício”.
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