As atividades agrícolas responsáveis, principalmente, para obtenção do alimento, sempre exerceram uma das maiores pressões ambientais, pelo uso inadequado de recursos naturais promovendo intensa degradação ambiental a partir da destruição de habitats e de espécies potencialmente úteis.
O desafio enfrentado pelo mundo moderno é de atender à necessidade de aumentar a produção de alimentos para a população em crescimento, além de conservar os fundamentos ecológicos necessários para sustentar esse aumento, sabendo-se que a base alimentar humana limita-se a poucas espécies: trigo, soja, milho, arroz, o que representa risco para segurança alimentar.
A biodiversidade é a espinha dorsal dos sistemas de produção envolvendo animais, culturas, forragens, florestas e aquicultura e não somente é essencial para manter o sistema biosfera funcionando, mas indispensável para fornecer insumos básicos para a agricultura e para o homem, tais como fibras para vestuário, material para abrigo, transporte, medicamentos, fertilizantes e combustíveis. E responsável, também, como suporte para produção de alimentos, através da polinização, da formação e fertilidade do solo, controle de pragas e doenças, tanto quanto à oportunidade que oferece de adaptação, essencial à sobrevivência de plantas e animais em um ecossistema particular.
Ao destruir-se um bosque e mudar o clima local, não se sabe o que se perde em plantas úteis para a medicina ou para a alimentação, ou mesmo porque cumprem alguma função especial em algum sistema ecológico. Nosso país possui uma magnífica diversidade, cerca de 20% das espécies de plantas, animais e microrganismos do planeta estão aqui representados. Muitos desses organismos são endêmicos, ocorrendo exclusivamente no Brasil.
O processo de ocupação territorial e a incorporação de novas áreas ao processo produtivo agrícola no Brasil, ao longo dos anos, foram feitos sem preocupação ambiental. A expansão da fronteira agrícola caracterizou-se pela redução da biodiversidade e por outros impactos sobre os recursos ambientais, principalmente sobre o solo e a água.
Nas áreas de agricultura tradicional é comum o derruba-queima para preparo de área: destruindo biodiversidade, emitindo gases para a atmosfera, provocando erosão e degradação do solo. No semiárido nordestino os problemas ambientais expõem os processos de salinização do solo pelo manejo inapropriado da água e do solo. Em outras áreas o manejo inadequado do solo aumenta o risco de desertificação.
Nas últimas décadas, com a difusão e a generalização dos sistemas intensivos de agricultura em todo o mundo, baseados no paradigma da Revolução Verde, a produção aumenta de forma espetacular trazendo, todavia, impactos significativos ao meio ambiente. Nas áreas de cultura intensiva os problemas mais comuns são: erosão, degradação do solo, perda de biodiversidade como resultado da retirada total do revestimento florístico original, prática de monocultivos e uso intensivo de agrotóxicos que são fonte potencial de contaminantes. Tornam-se importantes também problemas ambientais de difícil equacionamento como contaminação das águas subterrâneas por nitratos e emissão de carbono para a atmosfera.
Com este quadro, os mais apressados poderiam condenar definitivamente a produção agrícola, por isso, cabe lembrar que a análise que se faz não leva em conta a pressão da expansão urbana, o tratamento inadequado de resíduos industriais, as condições socioeconômicas e culturais sofríveis de grande parte de nossa população, todos fatores de agressão ao meio ambiente.
Embora potencialmente tão negativa para a conservação dos recursos naturais, quando estes não entram na equação de produção, a atividade agrícola tem uma relação direta com a conservação dos recursos naturais, quer seja por sua dependência da biodiversidade pelo fornecimento de material genético para novos cultivares, quer seja pela necessidade de um ambiente equilibrado para o desenvolvimento agrícola. Em alguns aspectos, a agricultura pode ser vista como um real instrumento de recuperação ambiental. Considera-se, entretanto, que a intensificação inadequada da agricultura pode causar danos irreversíveis ao meio ambiente, caso não se integre uma consciência ambiental através de ações educativas junto à população e aos agricultores.
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