A segurança ambiental é definida por um ambiente que não oferece risco para a continuação da vida humana. Risco ambiental é um conceito relativo, pois envolve não apenas o risco de fato, mas também a percepção que se tem desse risco. O risco ambiental de fato é determinado pela estrutura do ambiente, ou seja: o potencial que um determinado ambiente tem de por em risco a vida humana, como por exemplo, enchentes, secas, quantidade e qualidade da água, solos com alta vulnerabilidade a erosão, ambientes favoráveis à multiplicação de causadores de doenças, desastres climáticos entre outros riscos que se originam da estrutura do entorno natural. A percepção desse risco, ou melhor dizendo: a percepção desse potencial, e o entendimento desse potencial como risco é função, por um lado, da sensibilidade – ou ignorância – em conhecer a dinâmica do entorno, e saber desse potencial de transformação do meio.
O custo total das perdas ambientais é de difícil mensuração, mas é alto e continua a crescer, e embora a capacidade da ciência de entender e prever esses processos tenha aumentado muito, eles ainda são imprevisíveis e surgem na forma de novas epidemias de doenças, mudanças climáticas, extinção de espécies, perda da qualidade da água, e em um futuro breve os serviços ambientais não estarão disponíveis gratuitamente.
O sentimento de ameaça ante ao risco, ou o sentimento de segurança ambiental, está também relacionado à capacidade que se tem – e a consciência dessa capacidade – em enfrentar as mudanças e transformações do meio, sejam elas quais forem. Tanto o risco ambiental de fato – caracterizado pelo grau de instabilidade de um ecossistema – quanto o risco ambiental percebido, estão diretamente ligados à resiliência do ecossistema.
Na Física resiliência é a capacidade de um material retornar ao seu estado natural depois de um evento causador de tensão. Isto é, resiliência é a capacidade intrínseca de um sistema em manter sua integridade no decorrer do tempo, sobretudo em relação a pressões externas. A principal característica de um sistema resiliente é sua flexibilidade e capacidade de perceber – ou eventualmente criar - opções para enfrentar situações imprevistas e pressões externas. E é isso que a Natureza já está fazendo, sem muitos perceberem.
A realidade dinâmica e incerta de ecossistemas e rica em surpresas, exigindo de seus componentes – ser humano inclusive – essa capacidade de adaptação a novas circunstâncias, sejam elas graduais ou extremas. As transformações que o ser humano impõe ao meio ambiente natural, afetam a estrutura dos ecossistemas nos quais estão inseridos, fortemente influenciando o leque de opções que caracterizariam a resiliência desse ecossistema, de consequência, a segurança ambiental.
Os problemas de insustentabilidade que vemos hoje em dia possivelmente encontrarão soluções nas ações inovadoras que a policroma resiliência pode trazer. Essas ações, com certeza, já serão por si só novos paradigmas ambientais, sociais, econômicos e políticos. É disso que estamos precisando.
Políticas futuras devem ter por objetivo satisfazer as necessidades humanas a um preço menor sobre os sistemas naturais. Sem esta mudança, os sistemas naturais não mais poderão prover nossas necessidades em longo prazo. Todos devem assumir integralmente a responsabilidade de apoiar e enfrentar as questões ambientais. Num mundo onde tudo é interligado, a economia depende de um meio ambiente em equilíbrio.
O meio ambiente em harmonia permite olharmos para o futuro com uma distribuição de renda mais equilibrada, com inserção e ascensão social de muitas pessoas que hoje estão excluídas do processo possibilitando, assim, um crescimento legítimo da economia.
Proteger e melhorar nosso bem-estar futuro requer um uso mais sábio e menos destrutivo de nosso capital natural. E é isso que teremos que fazer, com criatividade e inovação, para realmente alcançar uma sociedade e um modelo econômico e político que entenda e seja parte, efetivamente, do Meio Ambiente. Que seja baseado em ações e não somente em ideias.
Rev. Bras. Agroecologia
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