sexta-feira, 11 de maio de 2012

Registro das maiores árvores do Brasil


No Brasil as citações sobre árvores gigantescas são escassas e vagas. Diversos cronistas, viajantes ou estudiosos, por vezes, fizeram referências a árvores colossais, porém esses relatos em geral não contemplam dados numéricos.

Uma notável exceção à carência de testemunhos gabaritados foi o relato de MARTIUS que, em sua obra de 1840-1869, “Tabulae Physiognomicae Explicatae”, escreveu em latim os trechos abaixo transcritos, graças à tradução feita pelo botânico P. CARAUTA, com as devidas conversões para o sistema métrico.

Em síntese, MARTIUS em 1819 registrou na Amazônia, entre outras, uma árvore gigantesca que tinha o diâmetro de oito metros na base e com diâmetro de quase seis metros na altura de três metros do solo. O autor teceu ainda considerações sobre as possíveis idades dos gigantes que encontrara, estimando-lhes as idades entre 2.052 e 4.104 anos, com base no seu conhecimento das taxas de crescimentos anuais.

Hoje em dia, é fato inconteste que, no vasto território do Brasil, com exceção de algumas áreas da Amazônia, as alterações ambientais provocadas pelos homens durante os últimos quinhentos anos simplesmente eliminaram as maiores árvores.

Por isso, tivemos que nos basear em anotações disponíveis de alguns autores, mas é de se admitir que muitas observações não foram divulgadas ou encontram-se no interior de relatórios de viagens, perdidos ou ainda inéditos, à espera de revelação. Apesar das dificuldades de conseguir informações fidedignas, uma laboriosa consulta em todas as fontes e publicações disponíveis permitiu relacionar quais os gigantes arbóreos assinalados no Brasil.

a) Quanto ao diâmetro do tronco, medido em geral à altura do peito (DAP):

Com mais de oito metros de diâmetro:
  • A “Árvore-de-Martius”, que talvez fosse um exemplar de Jatobá ou Jataí (Hymenaea courbaril), na Amazônia, com altura (h) estimada em 30 metros. Note-se que MARTIUS, no decorrer do seu texto sobre esse gigante, além de Hymenaea courbaril, citou também Outea guianensis, Ficus sp.  e  Clusia alba.

Com mais de sete metros de diâmetro:
  • Jequitibá (Cariniana legalis), h= 50 m, em São Paulo.

Com mais de seis metros de diâmetro:
  • Jequitibá-rosa (Cariniana estrellensis), h= 60m, no Rio de Janeiro.

Com mais de cinco metros de diâmetro:
  • Castanheira (Bertholletia excelsa), Pequi (Caryocar villosum), ambas com h= mais de 50 m, no Pará.

Com mais de três metros de diâmetro:
  • Pequiá (Caryocar barbinervis), h= 35 m (Amazônia); Cedro-rana (Cedrelinga catanaeformis), h=50 m (Amazônia); Sumaúma (Ceiba pentandra), h= 50 m (Amazônia); Paineira (Chorisia speciosa), h= 30 (Paraná); Angelim-pedra (Dinizia excelsa), h= 60 m (Amazônia); Tamboril (Enterolobium contortisiliquum), h= 40 m (Amazônia); Jatobá (Hymenaea courbaril), h= 40 m (Amazônia); Angelim-do-Pará (Hymenolobium excelsum), h= 50 m (Amazônia); Angelim-pedra (Hymenolobium petraeum), h= 50 m (Amazônia); Imbúia (Ocotea porosa), h= 30 m (Santa Catarina); Peroba-de-Campos (Paratecoma peroba), h= 65 m (Espírito Santo); Canafístula (Peltophorum dubium), h= 40 m (Amazônia); Angelim (Vouacapua anthelmintica), h= 40 m (Amazônia).

Com mais de dois metros e meio de diâmetro:
  • Pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia), h= 50 m (Santa Catarina); Peroba (Aspidosperma polyneuron), h= 45 m (São Paulo); Munguba (Bombax munguba), h= 50 m (Amazônia); Cedro (Cedrela fissilis), h= 40 m (São Paulo); Pracuúba (Dimorphandra paraensis), h= 50 m (Amazônia); Assacu (Hura crepitans), h= 40 m (Amazônia); Ca-nela-batalha (Nectandra robusta), h= 25 m (Amazônia); Feijão-crú (Samanea saman), h= 35 m (Amazônia); Aguano (Swietenia macrophyla), h= 45 m (Amazônia).

b) Quanto à altura, medida entre o solo e o topo da copa:

Com alturas acima dos 60 metros:
  • Peroba-de-Campos (no Espírito Santo), Angelim (na Amazônia), Jequitibá (em São Paulo), Castanheira-do-Pará (na Amazônia).

Com alturas acima dos 50 metros:
  • Munguba (na Amazônia), Cedro-rana (na Amazônia), Angelim-pedra (na Amazônia).

Com alturas acima dos 40 metros:
  • Cedro-branco (em Santa Catarina), Pinheiro-brasileiro (no Paraná), Jatobá (na Amazônia), Faveiro (na Amazônia), Tamboril (na Amazônia), Pequiá (na Amazônia).


Entretanto, é bastante provável que exemplares de algumas espécies possam ter existido, com maiores dimensões do que as citadas nas publicações.

ÁRVORES GIGANTESCAS DA TERRA E AS MAIORES ASSI-NALADAS NO BRASIL - Alceo Magnanini, Cristina Magnanini.

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