Pragas do jardim não são
normalmente consideradas belas, mas se você olhar de perto uma cochonilha, ela
conseguirá chamar sua atenção. Não só pela cor branca pura
destas pragas, mas também por seus tentáculos graciosos, que em algumas
espécies se parecem com os pistilos de uma flor. Estes filamentos delgados
variam muito de uma cochonilha para outra, e pode fazer os insetos lembrarem
algum aspecto de um cachorro poodle de pelo curto ou uma bola de penugem.
Este revestimento felpudo de cera
é o que diferencia as cochonilhas (Dactylopius
coccus) umas das outras, que normalmente possuem rígidos escudos
exteriores. No entanto, a casca dura e o revestimento de cera encontrados em
várias escalas têm a mesma finalidade, atuarem na proteção. O pó das fibras
macias das cochonilhas repele a água, tornando-os difíceis de matar com spray
de pesticidas, e permite-lhes flutuar, o que é uma das maneiras pelas quais
elas podem se espalhar para outras plantas.
Originárias do México medem de 2
a 5 milímetros de comprimento, são geralmente de cor marrom ou amarela, e se
alimentam parasitando a seiva de cactos e plantas, bem como da umidade ali
presente. Dentro da classe dos insetos, as cochonilhas são agrupadas na ordem Hemíptera,
sendo parentes próximos das cigarrinhas, cigarras e dos pulgões. São conhecidas
mais de 67.500 espécies de Hemípteras.

Organizações de defesa dos
direitos dos animais e pessoas adeptas do veganismo (uma filosofia de vida
motivada por convicções éticas com base nos direitos animais, que procura
evitar exploração ou abuso dos mesmos) criticam a prática de
obtenção do corante a partir do inseto cochonilha. Tais grupos alegam que é
antiético, cruel e fútil o fato de matar milhões de insetos para tal finalidade
— é necessário matar cerca de 70.000 cochonilhas para se conseguir ½ kg de
corante. Veganos, frequentemente realizam campanhas para divulgar o processo de
fabricação do corante carmim de cochonilha, além de promover o boicote aos
produtos que o contêm.
As cochonilhas fêmeas têm bicos
pequenos, chamados de estiletes, que inserem nas partes suculentas de uma
planta para sugar a seiva. Como a seiva é a água açucarada que a maioria das
cochonilhas não consegue digerir, ela passa através de seu corpo, através do
“xixi”.

Outro resultado menos agradável do
melado das cochonilhas é o bolor negro. O “xixi” adocicado desses insetos
oferece as condições perfeitas para este tipo de fungo crescer. No entanto,
enquanto as condições podem ser perfeitas para o desenvolvimento fúngico, sua
presença provoca malefícios às plantas. O bolor negro não só cobre as folhas,
como as fazem parecer sarnentas e sem atrativos, tornando difícil a
fotossíntese. Uma infestação de cochonilhas é prejudicial para a saúde das
plantas e pode se espalhar-se rapidamente.
Se você tiver cochonilhas em suas
plantas, você provavelmente vai ter que escolher entre essas pequenas estranhas
criaturas e o bem-estar da sua planta.
O mais curioso desse inseto é que
ele está presente em um grande número de produtos alimentícios e a grande massa
da população nem imagina. Aquele doce avermelhado ou rosa, seu iogurte e a
bolacha recheada de morango do seu filho, além de sucos e bebidas são
produzidos em sua grande maioria com o carmim de cochonilha, por ser barato e
resultar em um aspecto visual muito estético.
O que isso significa? Na prática,
você consome indiretamente insetos em suas guloseimas industriais favoritas
desde criança e nunca soube disso. Bem, até agora. Famosas marcas de cosméticos usam
o título “livre de corantes artificiais”, mas utilizam o carmim de cochonilha
para colorir batons, perfumes, sabonetes e uma infinidade de produtos.
Se você tiver curiosidade,
procure pela designação C.I 75470 ou E120 na composição de seu alimento
industrializado ou cosmético. Para não “queimar o filme” algumas empresas utilizam
estes códigos para despistar o grande público.
Fonte: http://www.jornalciencia.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário