terça-feira, 13 de novembro de 2012

Etanol produzido a partir de enzimas de baratas


Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) está estudando como usar baratas – mais precisamente enzimas especializadas no sistema digestivo delas – para ajudar na obtenção do etanol.

A ideia é usar as enzimas para degradar bagaço de cana e com isso obter açúcares, que podem ser usados para produzir etanol, aponta o professor Ednildo de Alcântara Machado, do Instituto de Biofísica da UFRJ. O álcool é obtido pela fermentação destes açúcares, realizada por fungos conhecidos como leveduras.

Dois tipos de baratas estão sendo pesquisados: a Periplaneta americana, espécie comum e encontrada em esgotos e escondidas nas casas; e a Nauphoeta cinerea, um tipo de barata da América Central, mas que hoje é encontrada em vários lugares do globo. Alimentados com bagaço de cana, os insetos se adaptaram e tornaram-se capazes de digeri-lo, produzindo enzimas especializadas para isso, diz o pesquisador.

“Os resultados são bastante promissores. Essa adaptação que o inseto faz ao bagaço tem sinalizado que dele podem vir novas fontes de enzimas”, afirma Machado. As baratas foram capazes de sobreviver por mais de 30 dias somente com o bagaço de cana, ressalta o cientista.

Ele afirma que a pesquisa, por enquanto, encontra-se nas etapas de condicionar as baratas para consumir o bagaço e de identificação das enzimas especializadas. O etanol ainda não foi obtido. “Não é uma coisa distante [a produção do etanol]“, diz Machado, “mas as etapas têm que ser trabalhadas em conjunto. Não sei dizer quando [vai ser produzido]“.

Fáceis de criar – O grupo de pesquisadores também estuda a degradação da biomassa usando cupins, o que ocorre com relativo sucesso, segundo Machado. “Mas as baratas são mais fáceis de criar em laboratório. Elas se adaptam com facilidade”, afirma. Ele ressalta que os dois insetos têm fisiologia parecida.

A ideia para o futuro é isolar as enzimas produzidas pelas baratas e tentar criar um “kit enzimático” que permita retirar o açúcar do bagaço da cana em laboratório, diz Machado. “Um dos desafios é o custo, a produção destas enzimas em escala industrial ainda é muito cara. O nosso modelo tem apelo porque é uma fonte nova de enzimas, pode ajudar a ter enzimas mais eficientes”, diz ele.

(Fonte: Rafael Sampaio/ Globo Natureza); Ambiente Brasil.

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