Relatório Planeta Vivo 2012
avaliou 9.000 populações de mais de 2.600 espécies e indica uma perda de
biodiversidade da ordem dos 30% desde 1970 causada, sobretudo, por nossa
procura incessante por recursos naturais.
O aumento da procura de recursos,
consequência do crescimento da população está colocando enormes pressões sobre
a biodiversidade do nosso planeta e ameaça a segurança, saúde e bem-estar do
nosso futuro - é o que revela a edição de 2012 do Relatório Planeta Vivo da WWF divulgado nesta
terça-feira (15) - a publicação bianual de referência sobre a saúde da Terra.
Produzido em colaboração com a
Sociedade Zoológica de Londres e a Global Footprint Network, o relatório deste
ano é lançado a partir da Estação Espacial Internacional, pelo astronauta André
Kuipers, que nos oferece uma perspectiva única do estado do planeta a partir da
sua missão na Agência Espacial Europeia.
Só temos uma Terra. Daqui de cima
podemos ver a pegada da humanidade, incluindo os incêndios florestais, poluição
do ar e erosão; no fundo os desafios que se colocam ao nosso Planeta nesta edição do Relatório Planeta Vivo. Embora existam pressões
insustentáveis sobre o planeta, temos a capacidade de salvar a nossa casa, não
só para nosso benefício, mas, sobretudo, para as gerações vindouras.
O Relatório Planeta Vivo usa o
Índice Global Planeta Vivo para medir as mudanças na saúde dos ecossistemas do
planeta, avaliando 9.000 populações de mais de 2.600 espécies. O índice global
revela quase 30 por cento de queda desde 1970, sendo os trópicos os mais
atingidos, registrando-se um declínio de 60 por cento em menos de 40 anos.
Assim enquanto a biodiversidade revela uma tendência decrescente, a Pegada
Ecológica sobre a Terra aumenta, um dos outros indicadores-chave utilizados no
relatório, ilustrando bem como a nossa crescente procura pelos recursos
naturais se tornou insustentável.
Estamos vivendo como se
tivéssemos um planeta extra à nossa disposição, usando 50 por cento mais
recursos do que a Terra pode produzir de forma sustentável e se não mudarmos
esse rumo, este número vai crescer rapidamente - em 2030 até dois planetas não
serão suficientes.
O relatório reforça o impacto do
crescimento da população humana e o sobre-consumo, como as principais causas da
pressão ambiental. Este relatório é como um check-up
planetário e os resultados indicam que temos um planeta muito doente. Ignorar
este diagnóstico terá implicações importantes para a humanidade. Podemos
restaurar a saúde do planeta, mas apenas através da resolução das causas mais
profundas, como o crescimento populacional e o excessivo consumo.
O relatório evidencia ainda o
impacto da urbanização como uma dinâmica em crescimento – em 2050, duas em cada
três pessoas viverão numa cidade; evidencia, por outro lado, a necessidade da
humanidade desenvolver novas e melhores formas de gerir os recursos naturais.
Podemos criar um futuro próspero
que ofereça comida, água e energia para os 9 ou talvez 10 bilhões de pessoas
que estarão a partilhar o planeta em 2050. As soluções centram-se em áreas como
a redução de resíduos, gestão inteligente da água e utilização de fontes de
energia renováveis que sejam limpas e abundantes – como a eólica e a solar.
A diferença entre países ricos e
pobres também é sublinhada no relatório. Países com altos rendimentos têm uma
Pegada Ecológica, em média, cinco vezes maior do que os países de baixos
rendimentos.
Os dez países com maior pegada
ecológica são: Qatar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Dinamarca, Estados Unidos
da América, Bélgica, Austrália, Canadá, Holanda e Irlanda. O Brasil aparece na
56ª posição.
Ainda de acordo com o Índice
Global Planeta Vivo, o declínio da biodiversidade desde 1970 tem sido mais
rápido nos países de baixa renda, o que demonstra como as nações mais pobres e
vulneráveis estão subsidiando os estilos de vida dos países mais ricos. A
diminuição da biocapacidade (capacidade de uma região para regenerar os seus
recursos) vai levar à necessidade de importar recursos essenciais aos
ecossistemas, uma tendência que os tornará mais vulneráveis a longo prazo.
O crescimento da dependência de
recursos externos está a colocar certos países em risco. A crise ecológica está
a agravar os problemas de crescimento económico. Usar cada vez mais a
natureza, apesar de termos cada vez menos, é uma estratégia perigosa, mas a
maioria dos países continua a seguir este caminho. Até os países começarem a
controlar e gerir os seus próprios défices de biocapacidade, eles não só
colocam o planeta em risco como, mais importante, a eles mesmos.
O Relatório Planeta Vivo
apresenta um conjunto de soluções necessárias para reverter o Índice Planeta
Vivo em declínio e reduzir a Pegada Ecológica para níveis compatíveis com a
capacidade do planeta. Estas são definidas como 16 ações prioritárias e incluem
a alteração dos padrões de consumo, a valorização económica do capital natural,
e a criação de estruturas legais e políticas que promovam a gestão do acesso
equitativo à água, alimentos e energia.
O relatório é lançado cinco
semanas antes de nações, empresas e sociedade civil se reunirem no Rio de
Janeiro para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
(Rio+20). Vinte anos passados depois da ultima conferência da Terra, este
encontro é uma oportunidade chave para os líderes mundiais reafirmarem o seu
compromisso para a criação de um futuro sustentável.
Os desafios sublinhados no
Relatório Planeta Vivo são claros. A Rio+20 pode e deve ser o momento para os
governos traçarem um novo rumo em direção à sustentabilidade. O encontro é uma
oportunidade única para a definição de compromissos, para que governos, cidades
e empresas unam forças, desempenhando um papel crucial para manter este planeta
vivo.
Instituto Carbono Brasil
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