Paricá é alternativa competitiva
ao eucalipto e ao pinus na indústria - Toras possuem tamanho ideal para
retirada de lâminas de compensado. Resíduos da fabricação e pontas vão para a
produção de MDF.
A espécie Shizolobium amazonicum (paricá) por
apresentar rápido crescimento, fuste reto e madeira com elevada cotação no
mercado interno e externo, vem sendo bastante cultivada pelas empresas
madeireiras da região norte e nordeste do país, principalmente nos Estados do
Pará e Maranhão. Segundo o Centro de Pesquisa do Paricá (CPP) localizado no
município de Dom Eliseu, no sul do Pará, que representa a grande maioria dos
plantadores de paricá dos Estados do Pará e Maranhão, estima-se que, nestes
Estados, existe em torno de 40.000 hectares da espécie plantados.
Ocorre na Amazônia brasileira, venezuelana,
colombiana, peruana e boliviana. No Brasil, é encontrado nos Estados do
Amazonas, Pará, Mato Grosso e Rondônia, em solos argilosos de florestas
primárias e secundárias, tanto em terra firme quanto em várzea alta. Ocorre em
altitudes de até 800m.
Morfologia
A árvore pode alcançar entre 15 a
40m de altura e 50 a 100 cm de DAP. Possui ramificação cimosa, com copa ampla e
umbeliforme. O tronco cilíndrico e reto pode apresentar sapopemas. A casca,
quando jovem, é esverdeada e delgada, tornando-se mais tarde acinzentada,
espessa, dura, rugosa e com carreiras verticais de lenticelas; tem odor
desagradável almiscarado.
A folha mede até 2m de
comprimento e possui disposição alternada; é composta e bipinada; os folíolos
são opostos e se fecham quando perturbados; a ráquis é lenhosa.
A planta é hermafrodita. As
panículas terminais medem até 30cm de comprimento e contêm flores pequenas; o
cálice possui coloração creme-esverdeada; as pétalas são glabras, de formato
oblongo e coloração amarela. O fruto é um legume deiscente, obovado-oblongo,
achatado, coriáceo ou sublenhoso, glabro, com coloração bege a marrom quando
maduro, 10-16cm de comprimento, 4 a 6 cm de largura e contém uma semente
envolta pelo meso-endocarpo alado.
A semente é elíptico-ovada,
lateralmente achatada, ápice agudo, base arredondada, medindo 2cm de
comprimento e 1,3cm de largura; o tegumento liso, duro e brilhante, possui
coloração castanha com estrias finas; o hilo é punctiforme; a rafe é linear; o
endosperma é abundante.
A plântula apresenta hipocótilo
cilíndrico, verde-claro e semibrilhante; os cotilédones foliáceos são opostos,
com ápice arredondado, base sagitada e duas estípulas; o epicótilo é
cilíndrico, verde e brilhante; o primeiro par de folhas é oposto e paripinado,
com 10-12 pares de folíolos opostos, verdes, membranáceos, oblongos, ápice
apiculado e base arredondada, margem ciliada e puberulentos em ambas as faces;
o pecíolo e a raque são canaliculados e recobertos por tricomas simples e
hialinos.
Usos da espécie
A madeira é mole, leve, com
textura grossa, grã direita a irregular, cerne creme-avermelhado e alburno
creme claro. Apresenta processamento fácil e recebe bom acabamento, mas possui
baixa durabilidade natural, sendo suscetível ao ataque de fungos, cupins e
insetos xilófagos. É empregada na fabricação de palitos de fósforo, saltos de
calçados, brinquedos, maquetes, embalagens leves, canoas, forros, miolo de
painéis e portas, formas de concreto, laminados, compensados, celulose e papel.
A árvore é indicada para plantios
comerciais, sistemas agroflorestais e reflorestamento de áreas degradadas,
devido ao seu rápido crescimento e ao bom desempenho tanto em formações
homogêneas quanto em consórcios. Por sua arquitetura e floração vistosa, pode
ser empregada em arborização de praças e jardins amplos. A casca pode servir
para curtume e as folhas são usadas como febrífugo por algumas etnias
indígenas.
Pragas e Doenças
As principais pragas dos plantios
são: broca-da-madeira (Acanthoderes
jaspidea), coleobroca (Micrapate
brasiliensis), serradores (Oncideres
dejeani e O. saga) e moscada -
madeira (Rhaphiorhynchus pictus).
Durante o período chuvoso, pode ocorrer a incidência da crosta-negra-das-folhas
(Phyllachora schizolobiicola subsp.
schizolobiicola), embora as plantas
normalmente tenham demonstrado resistência à doença. Os métodos de controle são
específicos para cada caso.
No norte de Mato Grosso, e na
região de Paragominas - PA, há muita incidência de broca no broto terminal. Em
função do estresse, a planta é muito suscetível a doenças fúngicas. Na haste,
foram detectadas Fusarium sp. e Botryodiplodia sp, e nas raízes, Rosellinia sp. e Botryodiplodia sp.
Na Amazônia Equatoriana, plantios
de 300 hectares fracassaram devido ao intenso ataque de um inseto de gemas
apicais. Nesse plantio, as plantas também foram atacadas por uma planta
parasita do gênero Phoradendron.
Características Silviculturais
O paricá é uma espécie
essencialmente heliófila, que não tolera baixas temperaturas. Apresenta
crescimento monopodial, ainda que a céu aberto, com fuste reto e limpo, devido
à boa derrama natural ou auto-poda.
Métodos de regeneração: os
trabalhos relacionados com a silvicultura dessa espécie ainda são poucos.
Contudo, essa espécie deve ser plantada a pleno sol nos espaçamentos de 4 m x 3
m ou 4 m x 4 m, que proporcionam maior crescimento. Contudo, é bastante afetada
pela ação do vento, que pode provocar inclinação dos fustes. Para que haja
equilíbrio na estrutura de povoamentos com essa espécie, recomenda-se cortinas
de abrigo ou plantios consorciados com espécies que tenham semelhante ritmo de
crescimento. O paricá brota, intensamente, da touça.
Sistemas agroflorestais: em
Rondônia, essa espécie é utilizada para sombrear plantações de café ou de
cacau. Em Paragominas, no sul do Pará, foi plantado em consórcio com o cultivo
de milho repetido nos três primeiros anos; no terceiro ano, junto com o
terceiro cultivo de milho, foram introduzidas três gramíneas forrageiras.
Semeadura: recomenda-se semear
uma a duas sementes diretamente em sacos de polietileno com dimensão de 18 cm
de largura por 25 cm de comprimento, ou em tubetes de tamanho grande. Se for
necessária, a repicagem deve ser feita quando as plantas atingirem altura de 9
cm, entre uma semana a 71 dias após a germinação. O sistema radicular dessa
espécie é superficial.
Propagação vegetativa: a produção
de mudas de paricá pelo método de estaquia de material juvenil é viável, desde
que as estacas sejam retiradas das seções medianas e basais da planta e
tratadas com AIB com concentração variando entre 2.000 ppm a 4.000 ppm. Rosa
& Pinheiro (2001) recomendam a utilização de 2.545,67 ppm de AIB para as
estacas retiradas da base e 3.979,71 ppm para as estacas extraídas da parte
mediana da planta, que correspondem ao enraizamento máximo, de 83,07 % e
80,12 % respectivamente.
Ciflorestas- G1.globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário