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terça-feira, 15 de maio de 2012

WWF alerta para pressão insustentável sobre o planeta


Relatório Planeta Vivo 2012 avaliou 9.000 populações de mais de 2.600 espécies e indica uma perda de biodiversidade da ordem dos 30% desde 1970 causada, sobretudo, por nossa procura incessante por recursos naturais.

O aumento da procura de recursos, consequência do crescimento da população está colocando enormes pressões sobre a biodiversidade do nosso planeta e ameaça a segurança, saúde e bem-estar do nosso futuro - é o que revela a edição de 2012 do Relatório Planeta Vivo da WWF divulgado nesta terça-feira (15) - a publicação bianual de referência sobre a saúde da Terra.

Produzido em colaboração com a Sociedade Zoológica de Londres e a Global Footprint Network, o relatório deste ano é lançado a partir da Estação Espacial Internacional, pelo astronauta André Kuipers, que nos oferece uma perspectiva única do estado do planeta a partir da sua missão na Agência Espacial Europeia.

Só temos uma Terra. Daqui de cima podemos ver a pegada da humanidade, incluindo os incêndios florestais, poluição do ar e erosão; no fundo os desafios que se colocam ao nosso Planeta nesta edição do Relatório Planeta Vivo. Embora existam pressões insustentáveis sobre o planeta, temos a capacidade de salvar a nossa casa, não só para nosso benefício, mas, sobretudo, para as gerações vindouras.

O Relatório Planeta Vivo usa o Índice Global Planeta Vivo para medir as mudanças na saúde dos ecossistemas do planeta, avaliando 9.000 populações de mais de 2.600 espécies. O índice global revela quase 30 por cento de queda desde 1970, sendo os trópicos os mais atingidos, registrando-se um declínio de 60 por cento em menos de 40 anos. Assim enquanto a biodiversidade revela uma tendência decrescente, a Pegada Ecológica sobre a Terra aumenta, um dos outros indicadores-chave utilizados no relatório, ilustrando bem como a nossa crescente procura pelos recursos naturais se tornou insustentável.

Estamos vivendo como se tivéssemos um planeta extra à nossa disposição, usando 50 por cento mais recursos do que a Terra pode produzir de forma sustentável e se não mudarmos esse rumo, este número vai crescer rapidamente - em 2030 até dois planetas não serão suficientes.

O relatório reforça o impacto do crescimento da população humana e o sobre-consumo, como as principais causas da pressão ambiental. Este relatório é como um check-up planetário e os resultados indicam que temos um planeta muito doente. Ignorar este diagnóstico terá implicações importantes para a humanidade. Podemos restaurar a saúde do planeta, mas apenas através da resolução das causas mais profundas, como o crescimento populacional e o excessivo consumo.

O relatório evidencia ainda o impacto da urbanização como uma dinâmica em crescimento – em 2050, duas em cada três pessoas viverão numa cidade; evidencia, por outro lado, a necessidade da humanidade desenvolver novas e melhores formas de gerir os recursos naturais.

Podemos criar um futuro próspero que ofereça comida, água e energia para os 9 ou talvez 10 bilhões de pessoas que estarão a partilhar o planeta em 2050. As soluções centram-se em áreas como a redução de resíduos, gestão inteligente da água e utilização de fontes de energia renováveis que sejam limpas e abundantes – como a eólica e a solar.

A diferença entre países ricos e pobres também é sublinhada no relatório. Países com altos rendimentos têm uma Pegada Ecológica, em média, cinco vezes maior do que os países de baixos rendimentos.

Os dez países com maior pegada ecológica são: Qatar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Dinamarca, Estados Unidos da América, Bélgica, Austrália, Canadá, Holanda e Irlanda. O Brasil aparece na 56ª posição.

Ainda de acordo com o Índice Global Planeta Vivo, o declínio da biodiversidade desde 1970 tem sido mais rápido nos países de baixa renda, o que demonstra como as nações mais pobres e vulneráveis estão subsidiando os estilos de vida dos países mais ricos. A diminuição da biocapacidade (capacidade de uma região para regenerar os seus recursos) vai levar à necessidade de importar recursos essenciais aos ecossistemas, uma tendência que os tornará mais vulneráveis a longo prazo.

O crescimento da dependência de recursos externos está a colocar certos países em risco. A crise ecológica está a agravar os problemas de crescimento económico.  Usar cada vez mais a natureza, apesar de termos cada vez menos, é uma estratégia perigosa, mas a maioria dos países continua a seguir este caminho. Até os países começarem a controlar e gerir os seus próprios défices de biocapacidade, eles não só colocam o planeta em risco como, mais importante, a eles mesmos.

O Relatório Planeta Vivo apresenta um conjunto de soluções necessárias para reverter o Índice Planeta Vivo em declínio e reduzir a Pegada Ecológica para níveis compatíveis com a capacidade do planeta. Estas são definidas como 16 ações prioritárias e incluem a alteração dos padrões de consumo, a valorização económica do capital natural, e a criação de estruturas legais e políticas que promovam a gestão do acesso equitativo à água, alimentos e energia.

O relatório é lançado cinco semanas antes de nações, empresas e sociedade civil se reunirem no Rio de Janeiro para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). Vinte anos passados depois da ultima conferência da Terra, este encontro é uma oportunidade chave para os líderes mundiais reafirmarem o seu compromisso para a criação de um futuro sustentável.

Os desafios sublinhados no Relatório Planeta Vivo são claros. A Rio+20 pode e deve ser o momento para os governos traçarem um novo rumo em direção à sustentabilidade. O encontro é uma oportunidade única para a definição de compromissos, para que governos, cidades e empresas unam forças, desempenhando um papel crucial para manter este planeta vivo.

Instituto Carbono Brasil

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