Único bioma exclusivamente
brasileiro, a caatinga vê sua riqueza ambiental dilapidada pelo uso predatório
dos recursos naturais, que ameaça espécies como o tatu-bola, a mascote da Copa
do Mundo de 2014. O alerta foi dado ao ecossistema,
às vésperas do Dia Nacional da Caatinga, comemorado neste domingo.
A caatinga é o patinho feio dos
biomas brasileiros. É o menos conhecido e recebe menor investimento público.
Isto se deve à visão de que é um ecossistema pobre, quando, na verdade, é
diverso e tem muitas espécies endêmicas (que só existem lá).
Segundo dados oficiais, a
caatinga se estende por 9 estados do nordeste brasileiro (Alagoas, Bahia,
Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e Sergipe) até
o norte de Minas Gerais (sudeste). Ocupa 844.453 quilômetros quadrados, área
superior aos territórios de França, Reino Unido e Suíça somados.
O bioma abriga 932 espécies de
plantas, 178 de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79 de anfíbios e 241 de
peixes. Sendo que, algumas espécies foram extintas, como a ararinha-azul ('Cyanopsitta spixii'), e outras estão
ameaçadas, como o tatu-bola ('Tolypeutes
tricinctos').
Na região vivem 27 milhões de
pessoas e a grande maioria sobrevive de agropecuária de subsistência. Feijão e
milho são os principais cultivos e na criação de animais predomina o rebanho
caprino. Uso inadequado do solo, consumo de lenha nativa em residências e
indústrias e desmatamento para dar lugar à agropecuária são as principais
agressões à caatinga.
Consequentemente, 46% do bioma
foram desmatados, segundo o Ministério do Meio Ambiente. Falta planejamento no
uso dos recursos naturais da caatinga. A população depende deles, mas sem uso
planejado, observa-se a repetição do círculo degradação do solo/pobreza.
Há a falta de investimentos em
pesquisas e de unidades de conservação integral na caatinga, que apesar de
importantes para preservá-la, protegem apenas 1% do bioma. As ações (oficiais)
têm sido pontuais, falta uma política de desenvolvimento sustentável.
São prioridades da região criar
novas unidades de conservação, promover o ecoturismo e melhorar as atividades
produtivas, com agropecuária sustentável substituindo o extrativismo
(exploração do solo sem reposição dos nutrientes).
No Dia Nacional da Caatinga, celebrado
este domingo, acredito ser possível salvar o bioma. Já se sabe como produzir de
forma sustentável na caatinga, mas esta informação precisa chegar ao produtor.
É preciso investir em educação, em transferência tecnológica. O problema não é
o gargalo tecnológico, mas a vontade política.
http://br.noticias.yahoo.com
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