O saola, um mamífero parecido com
o antílope que habita as selvas fronteiriças entre o Laos e o Vietnã, é um
animal muito reservado. Cientistas conseguiram capturar com vida um exemplar
que morreu em cativeiro alguns dias depois e antes que os especialistas
pudessem examiná-lo.
O saola, um mamífero parecido com
o antílope que habita as selvas fronteiriças entre o Laos e o Vietnã, ainda é
um mistério para a comunidade científica duas décadas após seu descobrimento. É
um animal extremamente reservado. Os cientistas ainda não puderam estudá-lo em
estado selvagem apesar de habitarem em uma área reduzida e os capturados não
conseguiram sobreviver.
As primeiras provas de sua
existência datam de 1992, quando um grupo de exploradores do WWF e do
Ministério de Florestas vietnamita encontrou a ossada de um exemplar que não
reconheceram na choça de um caçador local na reserva nacional de Vu Quang, no
Vietnã, perto da fronteira com o Laos.
O crânio, estranhamente longo
para as espécies conhecidas e com dois chifres longos e retos, representava a descoberta
de um novo mamífero em mais de 50 anos, quando em 1937 os cientistas
encontraram uma espécie de bovino selvagem nas selvas do norte do Camboja que
batizaram como kouprey.
Desde então pouco se avançou no
conhecimento dos costumes e comportamentos deste escorregadio vertebrado de 90
centímetros de altura e 100 quilos, cujas primeiras imagens foram feitas em
1999 por uma câmara automática na região laosiana de Bolikhamxay. Há dois anos
nessa mesma região, localizada na parte central do Laos, conseguiram capturar
com vida um exemplar que morreu em cativeiro alguns dias depois e antes que os
especialistas pudessem examiná-lo.
Os cientistas não puderam
calcular o número de saolas (que vivem em liberdade) devido às dificuldades
para detectá-los. Se as coisas vão bem, pode haver cerca de 200, mas se vão mal
sua população seria inferior a dez espécimes. Os esforços para salvar o saola,
classificado pelos conservacionistas como espécie "em risco crítico de
extinção" redobraram desde que se confirmou no ano passado a extinção do
rinoceronte-de-java no Vietnã pelas mãos de caçadores.
As autoridades do Vietnã e do
Laos estabeleceram, desde a descoberta do saola, uma rede de áreas protegidas e
criaram algumas reservas naturais para proteger o habitat natural deste raro
exemplar. No entanto, a principal ameaça para sua sobrevivência e reprodução é
a caça ilegal, embora seja assim de forma indireta porque o animal não faz
parte do lucrativo negócio da venda ilegal ou da demanda da medicina
tradicional chinesa.
Apesar de sua raridade, o saola é
um dos poucos vertebrados da Annamita (cordilheira montanhosa que se estende
por Laos, Vietnã e Camboja) sem um alto preço no mercado negro, e só é
capturado pelos caçadores de maneira acidental.
Nas últimas décadas, a exploração
das recônditas selvas do Vietnã e do Laos permitiu descobrir um bom número de
animais e plantas até então desconhecidos. Apenas em 2010, especialistas de WWF
percorreram os diferentes ecossistemas que enriquecem o delta do Mekong e
descobriram 208 novas espécies, entre elas cinco plantas carnívoras e um macaco
sem nariz.
O saola completou o 20º
aniversário de seu descobrimento, mas não haverá mais comemorações a menos que
se tomem medidas urgentes para sua proteção.
Exame.abril
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