Não são apenas as calotas polares
que passam sufoco com o aquecimento do planeta. Segundo levantamento da ONG
Co+Life, grandes picos terrestres que durante milênios estiveram cobertos de
neve agora também derretem, deixando muita gente na mão.
Chacaltaya, na Bolívia
Nem a mais alta estação de esqui
do mundo resiste às mudanças no clima. A mais de cinco mil metros de altura, as
pistas de Chacaltaya, ao norte de La Paz, na Bolívia, sucumbiram ao
derretimento do gelo e, durante o verão de 2009, o glaciar onde estava a instalada
a estação praticamente desapareceu. Hoje, restam apenas 5% da
geleira, com algumas incidências de neve, mas raras. Os cientistas haviam
previsto seu desaparecimento para 2015, mas o aquecimento global acelerou o
processo. De acordo com o levantamento da Co+Life, além de frustrar
aventureiros, o sumiço da geleira comprometeu o abastecimento de água em
algumas regiões da capital naquele ano.
Monte Tian Shan, Casaquistão
Aos pés do monte Tian Shan,
encontra-se Almaty, a maior cidade da República do Casaquistão, com uma
população de 1,3 milhões de pessoas. A região é uma locomotiva econômica,
respondendo por 20% da produção industrial e 30% da agricultura do país. Todo o
fornecimento de água para consumo, irrigação e uso industrial é garantido pelos
glaciares a dois mil quilômetros ao norte, nas montanhas de Tian Shan. Nos
últimos 50 anos, no entanto, os glaciares perderam cerca de 35% de sua
cobertura devido a elevação das temperaturas – processo que deverá se
intensificar nos próximos anos.
Parque Nacional de Sagarmatha
Localizado no Nepal, o Parque
Nacional de Sagarmatha é parte das montanhas do Himalaia e tem o monte Everest,
o maior pico do mundo, como sua atração principal. Considerado Patrimônio
Mundial pela Unesco em 1979 devido às suas características naturais e culturais
únicas, o parque concentra a maior quantidade de gelo terrestre do mundo, um
volume superado apenas pelas massa dos Polos Sul e Norte. As geleiras da região são
importante fonte de água para a população asiática, sendo vital para economia e
subsistência das pessoas. O perigo do aquecimento global é constante e pode
levar à extinção enormes pedaços das geleiras dos Himalaias, ameaçando o padrão
de chuvas, o fluxo dos rios e a agricultura em toda a Ásia.
Alpes de Kitzbühel, Áustria
Um estudo sobre mudança climática
nos Alpes europeus realizado pela Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômicos (OCDE) aponta que as famosas pistas de esqui podem
estar com os dias contados por lá. A estimativa é de que 9% das estações já
sofram com o aquecimento global. Uma da mais vulneráveis é a de Kitzbühel, na
Áustria, cerca de 800 metros acima do nível do mar. Por falta de gelo, na
última temporada de Natal, apenas 1/5 dos elevadores operaram e ainda foi
necessário usar neve artificial para liberar o uso de algumas pistas.
Calota de Gelo de Quelccaya
Como a maioria dos glaciares da
Terra, a maior calota tropical do mundo, a Quelccaya, nos Andes peruanos, já
perdeu desde 1978 cerca de aproximadamente 20% da sua área. A estimativa dos
cientistas é de que ela recua ao menos 4 metros todos os anos, dez vezes mais
depressa do que a cinco décadas atrás, segundo estudo do Instituto de Politicas
para a Terra.
Glaciar Franz Josef, Nova
Zelândia
Ele desce de 3,5 mil metros até
240 metros acima do nível do mar no meio de uma floresta tropical. Seu nome
popular, The Tears of Hinehukatere (As Lágrimas de Hinehukatere, no português)
vem de uma antiga lenda local sobre uma menina que perde seu amado numa
avalanche. Suas lágrimas correm então montanha abaixo e congelam, formando o
glaciar. Como os demais montes gelados da Nova Zelândia, o Granz Josef sofre
com o fenômeno do aquecimento global, que já reduziu 25% da área total dos Alpes.
Monte Chomolhari, Butão
Encravado entre a China e a
Índia, o reino do Butão possui muitas montanhas e picos nevados, entre eles o
Monte Chomolhari ou Jomolhari, com aproximadamente 7,3 mil metros de altura. O
rápido derretimento do gelo que corre para os lagos nos vales é uma ameaça para
as comunidades da região. Há o perigo das represas nos lagos romperem e
causarem deslizamentos de terra e enchentes, destruindo assim vilarejos locais,
mosteiros e plantações.
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