Produção do Kopi Luwak, bebida
feita a partir das fezes de um mamífero chamado civeta, tem forçado os animais
a uma situação debilitante, revela reportagem do The Guardian.
Quanto vale um café produzido
a partir de fezes e doses de crueldade animal? A pergunta, que parece de
mau gosto, tem seu por quê. Segundo uma reportagem publicada pelo jornal
britânico The Guardian nesta segunda-feira, o café Kopi Luwak,
dono da fama de mais caro do mundo, pode esconder maus-tratos aos animais.
Isso porque a produção da bebida
- feita na Indonésia a partir das fezes de um mamífero chamado civeta - tem
forçado os animais a uma situação debilitante e que vem sendo denunciada por
grupos de proteção aos animais.
De acordo com o jornal, o aumento
da procura por esse café raro tem levado os produtores a confinar os civets em
jaulas e alimentá-los compulsoriamente a fim de garantir uma produção “em
massa” dos grãos gourmet. Os grãos de café são extraídos das fezes do civeta e
higienizados, conferindo um sabor suave e caramilizado, segundo seus
apreciadores. Nos EUA, o preço do quilo pode passar de mil reais.
Não para aí. Grupos
conservacionistas ouvidos pelo jornal disseram que algumas espécies em extinção
do animal estão sendo submetidas a esse tratamento, como o binturong,
considerado “vulnerável” pela IUCN. "Os civetes são retirados do meio
natural e têm de suportar condições horríveis. Eles lutam para ficar juntos,
mas são separados e têm de suportar uma dieta muito pobre em gaiolas muito
pequenas”, denucia ao jornal Chris Shepherd, da Ong Traffic.
O Guardian visitou uma loja de
café na ilha de Sumatra, onde um civet fêmea era mantido em uma jaula apertada
na parte de trás das instalações. Sua prole de dois jovens foram separados
dela. Outra 20 gaiolas estavam dispostas sobre telhado da loja, longe dos olhos
do visitante comum.
A preocupação com o bem estar dos
animais já soa o alarme entre grandes conhecedores da bebida. Em outubro, o
especialista em café Oliver Strand, que escreve para o New York Times, afirmou
em uma entrevista à NPR: “O problema é que ele [café] se tornou um bem de
luxo tão desejado que os produtores começaram a enjaular os animais e
alimentá-los com grãos que não estão maduros". E resume: "Há um
mercado 'fetichizado' para o café que tem incentivado práticas menos éticas".
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