Um estudo do Instituto de Química
de São Carlos, da Universidade de São Paulo, destinado a livrar solos da
contaminação por cobre, chumbo e cromo, empregou húmus resultante da
compostagem com minhocas (vermicompostagem) no esterco bovino, como alternativa
ecológica para corrigir terras que precisam ser descontaminadas.
A limpeza de solos contaminados
pelos metais é um processo complexo e oneroso, além de utilizar produtos
nocivos ao meio ambiente. Com o novo método desenvolvido pela pesquisa, o
material empregado na vermicompostagem, o esterco bovino, é usado por ter
propriedades orgânicas e também por ter se apresentando como solução ecológica,
já que se trata de um resíduo que seria descartado no meio ambiente. Além do
esterco, existem outras fontes que poderiam ser utilizadas como bagaço de
laranja e cana-de-açúcar.
A contaminação por cobre e por
chumbo pode ocorrer em qualquer área de mineração ou despejo de resíduos sem
controle no solo. O cromo, liberado pelas indústrias de curtume, após o
tratamento do couro, é problema de cidades paulistas como Jaú e Franca, onde
existem muitas fábricas de calçados de couro.
Apesar de a presença do cobre e
do chumbo em pequenas quantidades serem essenciais para as plantas, a
bioacumulação desses metais no solo diminue a fertilidade e podem torná-lo
improdutivo. A existência de cromo provoca nas plantas o amarelamento, impedem
o crescimento e a morte das mudas ainda muito novas. A dosagem do húmus de
minhoca pode ainda ser usada para corrigir deficiências de cobre e chumbo nos
diferentes tipos de terras, conforme a necessidade de cada cultura.
Nas pesquisas iniciais foram
utilizados 25% de húmus de minhoca para 75% de solo contaminado. Com esse
percentual, os cientistas conseguiram eliminar totalmente a contaminação. O processo,
no entanto, não retira os metais do local. Os elementos tóxicos continuam no
solo, mas ficam imobilizados. Eles não ficam disponíveis para as plantas, nem
para serem carregados e levados ao lençol freático. Ressaltando a necessidade
de monitoramento constante dos solos após a descontaminação.
O procedimento usado pelos
pesquisadores foi deixar o esterco compostado por três meses. Através da ação
conjunta de bactérias, ela [a compostagem] vai transformando o esterco bovino
em material mais estabilizado.
O próximo passo foi adicionar
minhocas, que comem o composto e expelem o húmus, chamado de vermicomposto. Esse
material tem muitas propriedades, que ajudam na fertilidade do solo. A
aplicação do vermicomposto no solo contaminado eleva a capacidade de troca
catiônica, que é o quanto o solo consegue trocar cátions com o meio.
Se você tem um solo com elevada
capacidade de troca catiônica, ele tem maior possibilidade de liberar os
cátions retidos no solo e absorver os cátions que são perigosos, como o cobre,
chumbo e cromo. Assim, explicou, após o emprego do vermicomposto em solo
contaminado, as espécies metálicas (cobre, chumbo e cromo) ficam retidas, de
uma forma que tornam-se indisponíveis no meio ambiente.
Uma das vantagens do novo método
de descontaminação é que a imobilização de metais que contaminaram os solos
impede que os tóxicos sejam levados ao lençol freático pela chuva. O risco para
a saúde humana na água é ainda maior que a contaminação no solo, porque eles
[metais] espalham-se facilmente pela água. A ingestão de cromo em quantidades elevadas pode
provocar câncer e o chumbo é peratogênico, ou seja, em mulheres grávidas, pode
gerar malformação de fetos.
O próximo passo dos pesquisadores
será testar o vermicomposto em campo e tentar reduzir a proporção da quantidade
de húmus empregada. Além disso, os cientistas pretendem examinar a fitotoxidade
dos solos, ou seja, irão plantar sobre a terra descontaminada por meio do
vermicomposto para verificar se os metais foram ou não sugados pelas plantas.
Fonte: Fernanda Cruz/ Agência
Brasil)
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